quarta-feira, 29 de junho de 2011

Além da Costa Amalfitana

Só uma coisa me deixou feliz quando fui embora de Capri: saber que de lá, o próximo passo seria conhecer a Costa Amalfitana. Essa região da Itália é realmente tudo aquilo que dizem por aí, nos guias turísticos e nas descrições de quem já foi e quer fazer você morrer de inveja.

Apesar do nome ter sido dado por causa da cidade de Amalfi, a mais famosa continua sendo Positano, que como todos dizem, foi imortalizada pelo filme Only You e, na minha versão favorita, Sob o Sol de Toscana. Entretanto, não se deixe intimidar pelo nome ou pela fama. Seja ambicioso e conheça pelo menos 3 cidadezinhas que compõem esta região, cada uma com a sua característica particular: Positano, com sua arquitetura vertical; Amalfi e seu imponente Duomo; e Ravello, com seus jardins maravilhosos e bem cuidados.

Para chegar à Costa Amalfitana, você deve sair de Sorrento e enfrentar uma estrada cheia de curvas - e mais uma vez à beira do precipício - até Positano. Não tive coragem de dirigir por ali e fui de ônibus, os quais não têm nenhum tipo de receio e dirigem como se estivessem na Castello Branco (todos identificam os turistas pela baixa velocidade em que eles andam). Mas já ouvi relatos de quem pensou justamente o contrário e alugou um carro porque não teve coragem de se aventurar com esses confiantes motoristas. Quem tem medo de altura, como eu, ou passa mal na estrada, é bom tomar um Dramin e sentar no banco da frente, porque realmente não é pra qualquer um, não!

Mas o importante é chegar lá, de carro, ônibus, barco ou lambreta. Na volta, porém, não tivemos a mesma sorte e fomos pegas por uma greve de ônibus sem previsão para acabar, então acabamos tendo que voltar de táxi – uma Mercedes branca que nos fez sentir ricas e charmosas naquele cenário (mas só por alguns minutos, pois na chegada de volta a Sorrento o taxista nos deixou longe do hotel e estragou o nosso mimo).

Permitam-me um parênteses para falar também de Sorrento neste tópico. Apesar de oficialmente não fazer parte da Costa Amalfitana, é passagem obrigatória para quem vai até lá. E eu simplesmente amei este lugar! Como todas as outras, é uma cidade bem pequenininha, mas ainda maior que as da Costa Amalfitana, bem mais moderna e cheia de lojinhas e restaurantes excelentes. Tive um surto de compras quando cheguei e comprei desde bolsas de couro a temperos para massa neste maravilhoso comércio. Recomendo a Gelateria Primavera (www.primaverasorrento.it), que como na maioria das sorveterias italianas, você não sabe qual sabor escolher.

Além de Sorrento ser uma cidade fofa e com uma energia deliciosa, ficamos no melhor hostel que eu já conheci: o Seven Hostel (www.sevenhostel.com), cujo único defeito é não estar localizado no centro de Sorrento, e sim a uma estação de trem (Sant’Agnello) ou a 20 minutos de caminhada. Mas vale a pena a distância. O Seven é considerado um Design Hostel e faz parte da lista dos Famous Hostels da Europa (www.famoushostels.com). Os quartos possuem uma ótima infraestrutura de beliches e lockers, e caso você fique em um quarto privado não perderá nada para um hotel (além do preço), pois ele oferece toalhas, sabonete e papel toalha no banheiro. No último andar há um lounge bar, com puffes, espreguiçadeiras e uma vista espetacular para o mar, de onde se pode apreciar o pôr-do-sol enquanto se toma um drink preparado pelo solícito Michele. O café da manhã não deixa a desejar, incluindo cereais e croissants (cornetto) à vontade com Nutella (nem preciso dizer que me esbaldei)! Pra completar os vários garçons indianos retiram o seu prato da mesa ou levam talheres e guardanapos que você, com certeza, esqueceu de pegar enquanto admirava as opções.

Em Positano não tivemos a mesma sorte e ficamos em um hostel horrível, cuja dona era mal-educada e fez uma bagunça com as nossas reservas. Resultado: acabamos ficando uma noite a menos e voltamos para o nosso tão admirado e confortável Seven Hostel.

Considerando essas vantagens de preço e conforto, eu diria que para conhecer a região sudoeste da Italia, nem é necessário dormir em Napoli. Pode-se hospedar em Sorrento e de lá conhecer Pompei e o Vesúvio em um dia, Capri (em um ou dois dias) e Positano em outro. Porém, recomendo uma noite em Positano para poder ir até Amalfi e Ravello saindo de lá, assim não será necessário enfrentar aquela famosa estrada mais de uma vez.

Em Positano não há muito o que conhecer, além da vista das construções que parecem estar empilhadas e que eu não conseguia parar de tirar fotos. Pra ir do hostel até a praia, onde estão a maioria dos restaurantes e lojas da cidade, todo dia descíamos uns 300 degraus e chegávamos lá embaixo com as pernas bambas. Recomendo o restaurante Chez Black (www.chezblack.it), que além de ter ótimos pratos de massas e frutos do mar, pertence ao pai de um ator italiano gatíssimo. Para nossa sorte, fomos recebidas pelo filho, com uma taça de champagne, cereja e elogios! Pra quem ainda duvida da minha palavra e acha que eu estava contaminada pelo ar italiano, que deixa todos os homens de lá charmosos (inclusive os carecas e narigudos), confiram no seu site oficial (www.gianfrancorusso.it). Mas não se anime muito porque, como todo gato, ele já tem uma dona, uma linda atriz como ele.

Após este maravilhoso jantar, fomos curtir a Mercolady na Music on the Rocks (www.musicontherocks.it). Esta discoteca foi construída na beira do mar, dentro de uma gruta, e simplesmente arrasa. A noite começa depois da 1h da manhã, por isso, após todo o passeio (e as escadarias) durante o dia, é imprescindível dar uma descansadinha antes...

É possível conhecer Amalfi e Ravello no mesmo dia, mas o passeio é bem corrido e bem caro. De Positano a Amalfi, recomendo ir de barco, pois a vista destas duas cidades é impressionante e digna de um cartão postal. E a sensação de liberdade que senti não tem preço.

Em Amalfi vá ao Duomo, que é lindo por fora e por dentro, e encha a garrafinha com a água da fonte, que como sempre, sai da teta da moça. De lá sai o passeio para a Grotta dello Smeraldo (não é a mesma de Capri), imperdível! O barco sai de Amalfi e chega em uma pedra no meio do nada, onde você nunca imaginaria que tem uma gruta dentro. A passagem foi aberta pelo homem para possibilitar o turismo, e a água lá dentro tem uma cor impressionante devido à entrada do sol por uma galeria a 5m abaixo do nível da água.

De volta a Amalfi, aproveite a tarde para conhecer Ravello, a única das cidades da Costa Amalfitana que não fica à beira-mar. Pra chegar lá você tem que ir de ônibus ou ainda pode encarar os 600 degraus para subir. Mas depois de Positano eu não queria ver mais escada e fui com aqueles ônibus vermelhos de sightseeing, porque os normais ainda estavam em greve. São um pouco mais caros mas também oferecem um audio guide durante o passeio, em vários idiomas.

A cidade é bem pequenininha e charmosa, com destaque para a Villa Cimbrone e a Villa Rufolo, com seus maravilhosos jardins floridos, estátuas e vistas estonteantes. No verão, Ravello recebe o Ravello Festival (www.ravellofestival.com), um festival de música, ópera e cultura que é realizado em vários pontos da cidade (entre eles, em um palco montado com vista pro mar). E mais uma vez, o medo de altura é constante, mas a paisagem compensa...

Il vero viaggio di scoperta non consiste nell’esplorare nuove terre, ma nell’avere nuovi occhi”.

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