segunda-feira, 27 de junho de 2011

Salada Caprese

Se eu tivesse que sugerir um roteiro a alguém incluindo um dia em Capri, sem dúvida eu diria para fazer o passeio de barco em volta da ilha, com uma parada de mais ou menos 2 horas pra conhecer o lado de dentro (dá pra ter uma boa ideia da cidade). Porém, acabamos conhecendo esta ilha maravilhosa de duas formas, por dentro e por fora, ou seja, um dia por terra e outro por mar.

Capri é muito mais do que a Grotta Azzurra, que por sinal eu acabei nem conhecendo devido à quantidade de turistas no lugar. Há muita coisa para se conhecer nas diversas vilinhas que a ilha possui, além das infinitas grutas com águas cor de esmeralda ou turquesa, ou ainda com água esmeralda de um lado e turquesa do outro.

Outra opção para quem quer passar mais tempo por lá e não tem restrições de orçamento é passar a noite em um dos charmosos hoteis, mas para conseguir uma vaga nesta disputadíssima ilha é preciso fazer a reserva com bastante antecedência.

Como não nos planejamos nem com o tempo nem com o dinheiro, fomos pra lá 2 dias seguidos: o primeiro saindo de Napoli, com um barco grande que custa €17 e demora 1,5h, e o segundo saindo de Sorrento, em um barco pequeno com mais 6 turistas americanos e australianos, conduzido pelo nosso querido amigo Sebastiano.

No primeiro dia, chegamos na Marina Grande. Ficamos loucas nas milhares de lojinhas, tomamos o funicolare e chegamos na Piazza Umberto I, onde demos uma volta pelas ruas minúsculas daquela região. Mais tarde ficamos sabendo que se tivéssemos avançado só mais um pouquinho, teríamos chegado à Villa Jovis e ao Monte Tiberio, de onde o antigo imperador arremessava os inimigos morro abaixo e mar adentro.

Saímos dali e fomos com um ônibus alucinante até Anacapri, ao lado oeste da ilha. Só a viagem já vale a pena, mas foi um desafio para o meu medo de altura! A estrada, com suas curvas em U e muitas vezes com passagem para apenas um carro, beirava o precipício, separado apenas por um murinho de tijolo. Considerando que eu estava em pé e dentro de um ônibus, o medo veio em dobro. Acabei descobrindo a tática de filmar – e olhar a paisagem através do visor – que dava menos medo (e depois a usaria outras vezes durante a viagem).

Em Anacapri andamos pela vila, comemos uma legítima salada Caprese, tomamos nossa costumeira garrafa de vinho que nos deixava "brille" todos os dias e criamos coragem pra subir de teleférico - o seggiovia, daqueles que são uma cadeirinha onde você fica com os pés pendurados - até o Monte Solaro. Prepare-se para o medo de altura Parte 2, pois o tal Solaro é alto mesmo! Mas o medo compensa. Durante o passeio, e principalmente lá de cima, a vista é espetacular. É possível apreciar os famosos Faraglioni, aquelas pedras típicas do Mediterrâneo que emergem da água e que são o cartão-postal de Capri.

Na volta decidimos descer a pé pela trilha. No início, tivemos a vista da foto ao lado, com os próprios faraglioni e muitas florzinhas amarelas, mas no final vimos somente mato, com algumas florzinhas amarelas.

Ainda ficamos na vontade de andar pela Via Krupp, a famosa rua em zigue-zague que sai do Giardino Augusto e vai até a Marina Piccola, mas já era hora de pegarmos o último barco para Napoli e tivemos que ir embora. Esses lugares, somados à Grotta Azzurra, são bons pretextos para voltar a Capri mais uma vez!

No segundo dia, fomos de trem até Sorrento e deveríamos esperar na estação pelo Sebastiano, que passaria para nos buscar às 10h da manhã. A princípio ficamos com receio dele nunca aparecer, e desperdiçarmos os €10 que havíamos pago no hostel de Napoli pela reserva.

O custo é de €60 se contratado direto com os sócios, mas foi o dinheiro mais bem gasto da viagem. Passamos um dia inteiro tomando sol a bordo de um barco no Mar Mediterrâneo, em ótima companhia, com água, refrigerante, cerveja e um delicioso lanche caprese incluídos, praticando meu italiano e ainda recebendo uma alta dose de auto-estima (per che le brasiliane sono così carine?). Quer coisa melhor?

Fora todas estas mordomias, o passeio inclui a parada em várias grutas, algumas delas proibidas para visita, com especial destaque para a Grotta dello Smeraldo, onde nadamos de um lado ao outro, e a Grotta del Champagne, que tem esse nome pelas bolhinas que ela possui mas que dá uma certa claustrofobia, pois a entrada só tem espaço para uma cabeça, e se a maré subir ficaremos presos para sempre no paraíso. A água é extremamente gelada, o que é um motivo a mais para perder o fôlego, e, além disso, tem tanto sal que meu biquini e minha roupa ficaram brancos e meu corpo e meu cabelo pedindo peloamordedeus por um banho doce de chuveiro e outro de creme hidratante e condicionador. O lado bom é que a água salgada não afunda, desta forma não é preciso fazer muito esforço para boiar dentro das grutas e poder apreciar a paisagem por mais tempo.

Pra quem for a Capri, eu definitivamente recomendo este passeio (www.sorrentocapritours.com). O Andrea, sócio que dirigia o outro barco, também é uma overdose de simpatia. Pudemos conhecê-lo melhor durante a parada, onde preferimos continuar tomando nosso solzinho na praia de pedras a andar novamente pela ilha, que já tínhamos conhecido no dia anterior. O Sebastiano nos garantiu passeios grátis até quando durar a sociedade, o que me leva ao último pretexto e à feliz conclusão desta postagem de que com certeza eu voltarei pra lá!

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