sábado, 8 de dezembro de 2018

Embrace the perrengue

Prólogo

Minha viagem para a Austrália foi muito rápida. Tá bom, eu sei que sempre dizemos isso quando voltamos das nossas viagens, mas nesse caso a distância e a diferença de fuso horário interferiram muito nessa minha conclusão. 

Porque eu literalmente fui até o outro lado do mundo para ficar apenas 9 dias! Não era bem esse o plano inicial, mas alguns perrengues acabaram reduzindo o tempo da minha viagem em 2 dias. Então, por que eu atravessei o mundo para ficar tão pouco tempo? 

Como eu sempre digo, as viagens são sempre uma questão de oportunidade... Pra começar, nesta época eu trabalhava em uma companhia aérea, que me dava direito a passagens gratuitas, porém sem a garantia de embarque. Além disso, tinha duas amigas morando na Austrália e essa seria uma ótima oportunidade para visitá-las. 

Vamos combinar que a passagem para a terra dos coalas e cangurus não é nada barata e, mesmo com o pouco tempo que eu tinha de férias, ainda valia a pena aproveitar este benefício. Até porque a tal da companhia aérea em que eu trabalhava fechou as suas portas logo depois dessa viagem e, se eu não tivesse ido pra lá naquela época, talvez nem teria ido até hoje...  

Voltando à passagem, foi justamente essa oportunidade de viajar gratuitamente, sem garantia, que fez com que meu tempo fosse reduzido. Na viagem de ida, fiz uma conexão no Chile e, desde que vi o bilhete, percebi que o tempo de conexão estava super justo. Mas, como era "aeromoça de primeira viagem", não sabia que, neste tipo de viagem, ainda teríamos que retirar a bagagem e fazer um novo checkin em cada conexão. 

Pronto, ao embarcar de São Paulo para Santiago entendi que seria realmente impossível embarcar no próximo voo do Chile para a Austrália a tempo. O que eu não imaginava era que, o próximo voo disponível seria apenas 2 dias depois, e que eu teria que fazer um pit stop não planejado no Chile...

Depois de muitas tentativas frustradas, que incluíam comprar um voo de outra companhia aérea e até voltar para o Brasil e desistir da viagem, resolvi "embrace the perrengue". E eu só me convenci quando descobri um passeio ali perto de Santiago, já que a ideia de ficar dois dias passeando sozinha em um lugar que eu já conhecia não me agradava nenhum pouco. 

Assim que me decidi, reservei um hostel de última hora, peguei um táxi e finalmente saí do aeroporto. Detalhe que, até chegar neste momento, até os funcionários do aeroporto já me conheciam pelo nome e o vendedor da embalagem de malas já nem me oferecia mais o seu produto, de tanto que eu tinha passado na sua frente.  

Foi assim que, da forma mais despretensiosa possível, conheci Cajón del Maipo, uma região próxima a Santiago com uma paisagem estonteante. Nem sei como eu nunca tinha ouvido falar desse lugar antes, mas hoje considero um passeio imperdível para quem passa uns dias por lá. 

Cajón del Maipo

Peguei um daqueles tours de um dia, em que uma van passa pelo seu hotel (ou hostel) e te leva nos principais pontos turísticos, sem que você precise pensar em nada. Ao chegar, você se depara com as montanhas da cordilheira dos Andes refletidas nas águas do Rio Maipo. O tour faz algumas paradas adicionais e, ao final, nos surpreende com uma mesa de queijos e vinhos ao pé da cordilheira, o segundo cenário mais impressionante do passeio.  

E assim, dois dias depois, lá estava eu novamente no aeroporto, quando finalmente consegui embarcar em um voo superlotado para a Austrália, não sem ficar naquela expectativa até o último minuto do embarque. Quando me chamaram para embarcar, eu disse ufa!


Epílogo

No retorno da Austrália, novamente tive que fazer uma conexão em Auckland, Nova Zelândia, e mais uma vez fui surpreendida pela impossibilidade de embarcar no voo agendado... Desta vez, não foi o tempo da conexão e sim a greve dos comissários da companhia aérea que me impediram. E aí, meu amigo, neste momento eu já estava bem mais relaxada e realmente aproveitei o momento!

Imediatamente reservei o hostel, fui pra lá e ainda consegui fazer alguns passeios pela cidade. Subi o Mount Eden, um vulcão inativo há tanto tempo, que a cratera é um gramado gigante. E depois passei pelo Albert Park, com seu maravilhoso Winter Garden.

Nem deu tempo de ir à Sky Tower, o principal ponto turístico da cidade, de onde você pode até pular de bungee jump. Quando a greve acabou no dia seguinte fiquei até com dó de ter que voltar para o Brasil... 

Auckland, com cara de quem não queria ir embora

E o que eu aprendi com tudo isso? 

Essas experiências (ou perrengues) valeram muito para eu me desapegar de roteiros pré-definidos, para encarar os imprevistos de uma forma melhor e para levar a vida mais numa boa. A forma que eu reagi na ida e na volta foram completamente diferentes, variando desde "não quero nem fazer mais esta viagem" até "queria ter ficado mais tempo nesta conexão não planejada"!  


Mas... e a viagem para a Austrália?

Ah, claro! Meu roteiro foi Melbourne ✈ Brisbane Sydney.

Mas isso eu irei contar nos próximos posts... 

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