sábado, 30 de agosto de 2025

Cambará do Sul

Nas últimas férias, em agosto de 2025, viajei para Cambará do Sul, a Terra dos Cânions, no Rio Grande do Sul. A cidade fica a 3 horas de carro de Porto Alegre, quase na divisa com Santa Catarina. Aliás, os cânions dos parques nacionais, principal atrativo da região, é justamente a divisa entre os dois estados. Cambará está a 1000 metros de altitude e tem aproximadamente 6 mil habitantes, a maioria morando na zona rural, ou seja: é bem pequena! Mesmo assim, sendo turística, tem diversos restaurantes e pousadas, incluindo vários chalés fora da cidade. 

A região dos cânions conta com dois parques nacionais: o Parque Nacional de Aparados da Serra (onde fica o Cânion Itaimbezinho) e o Parque Nacional da Serra Geral (onde fica os Cânions  Fortaleza e Malacara). Os cânions foram formados há aproximadamente 130 milhões de anos, quando a América do Sul se separou da África e, por este motivo, essa mesma formação rochosa também existe próximo à África do Sul e Namíbia. Os paredões chegam a mais de 900 metros de altura e são formados na sua maioria por pedras, mas também há muita vegetação. O cânion Fortaleza tem uma forma de V, porém o Itaimbezinho é bem vertical, o que dá o nome de Aparados da Serra, pois parece ter sido cortado com uma faca.

Preferimos ficar hospedados no centro, na Pousada Serra Verde, e foi ótimo, pois assim conseguíamos sair para jantar a pé todos os dias. A pousada tem 3 anos, portanto é bem novinha e bem decorada, com um café da manhã farto, uma cama confortável e um chuveiro bem quente. Como estava muito frio e chovendo em alguns dias da nossa viagem, esta acabou sendo a melhor opção, pois se tivéssemos ficado nas pousadas fora da cidade, precisaríamos pegar um táxi para ir para o centro (detalhe, lá não tem Uber, portanto os táxis devem ser solicitados por telefone). 

Para os passeios, fizemos um roteiro de 5 dias da Pisa Trekking, que incluía também o traslado de Porto Alegre para Cambará na ida e na volta, a pousada e os passeios. Escolhemos o roteiro Trekking na Terra dos Cânions, que somava 40 km de caminhada durante os 3 dias de passeio. Mas a Pisa também oferece vários outros roteiros para este destino, e em todos eles utiliza a Cânion Turismo como receptivo local, muito profissional e organizada.

Dia 1

O primeiro dia se resume apenas a pegar o voo de São Paulo para Porto Alegre, fazer o traslado de carro para Cambará e receber o briefing na agência, que inclui um vídeo sobre a região e a observação de uma maquete sensacional dos parques nacionais, chamada Kridjijimbé. Assim você já terá uma ideia de como é a região que irá conhecer nos próximos dias. 

Kridjijimbé

Dia 2

No segundo dia, a temperatura era de 4 a 8 graus durante o dia, e ainda por cima com um pouco de chuva, o que nos desanimou bastante. Mesmo assim, fizemos o passeio da manhã no Cânion Itaimbezinho, que fica no Parque Nacional de Aparados da Serra. Este passeio inclui a Trilha do Vértice (uma trilha gourmet bem curtinha, de 2km e na maioria do percurso em um caminho de pedras) e a Trilha do Cotovelo (de 6km), que dão uma visão completa do cânion. Simplesmente maravilhoso. As trilhas são bem planas, bem sinalizadas, e não precisam de guia.  

Cânion Itaimbezinho e Cachoeira Véu da Noiva


No período da tarde, faríamos a Trilha da Piscina do Malacara, que passa pela parte de baixo do cânion Malacara, caminhando pelo leito do rio e pela mata ciliar. Porém, acabamos desistindo por causa do frio e da chuva e preferimos visitar a Cachoeira dos Venâncios, que não demandaria muita caminhada sob o mau tempo. A cachoeira é linda e enorme, com suas quatro quedas e 100 metros de largura na primeira delas. Não nos arrependemos nem um pouquinho de termos feito essa troca!

Cachoeira dos Venâncios (Queda 1)

Dia 3

No terceiro dia, também não tivemos sorte com o tempo. A temperatura subiu para 15 graus mas, por causa disso, a neblina fez o favor de aparecer. Fizemos a Trilha da Borda Sul (11km), no Cânion Fortaleza, localizado no Parque Nacional da Serra Geral, mas fomos embora sem ter visto nem sinal do cânion. Era praticamente um mar de neblina... a única vantagem foi que nem deu medo de altura! Mesmo assim, a caminhada pela trilha valeu a pena e o dia acabou sendo bem agradável. 

Melhor vista que tivemos do Cânion Fortaleza


Recomendo fazer essa trilha com um guia, pois a sinalização existe apenas nos pontos mais frequentados. Caso você vá sozinho, pode conhecer o Mirante do Cânion Fortaleza, que fica próximo ao estacionamento (onde tem também uma tirolesa, que funciona apenas na alta temporada) e é o lugar mais bonito para ver o cânion. Outro ponto interessante é a Pedra do Segredo, uma pedra enorme na borda do cânion, com uma base tão pequena que você se pergunta como ela ainda está em pé depois de tantos milhões de anos. Para chegar lá, pegue a Trilha do Tigre Preto, que também é muito bonita e passa por um riacho (você provavelmente irá molhar os pés) e uma cachoeira (a do Tigre Preto, linda). 

Dia 4

O quarto dia foi dedicado à Trilha do Rio do Boi, que tem esse nome porque no passado muitos bois caíam das pastagens em cima do cânion lá para baixo... Essa trilha passa pela parte de baixo do cânion Itaimbezinho, já do lado de Santa Catarina, no município de Praia Grande (a cidade das duas mentiras, pois não é na praia e nem grande!). 

A Trilha do Rio do Boi passa lá embaixo, margeando o rio


Nesse dia, a temperatura se manteve em torno dos 15 graus e fomos com as pernas, a coragem e muitas camadas de roupa, mesmo tendo que andar pelo leito do rio (o do Boi). Demoramos 7 horas para ir e voltar os aproximadamente 8km, que possui trechos de mata ciliar e de água alternados. No total, foram 9 travessias do rio na ida e as mesmas 9 na volta, com a água chegando até a altura do joelho. 

É obrigatório ir com um guia do próprio parque e é preciso ter uma boa condição física para fazer essa trilha. Na minha opinião, também é imprescindível levar um bastão de caminhada, pois todo o trajeto dentro da água é feito andando sobre pedras de diferentes tamanhos, que às vezes não enxergamos ou que se movem ao pisar. Além disso, em alguns trechos a correnteza é fortinha e o bastão nos dá o equilíbrio necessário para não cairmos dentro da água gelada. No verão, você também pode aproveitar para nadar no rio, mas essa coragem não tivemos com o frio que estava. Pelo menos a caminhada nos esquentou bastante...

Final da trilha com a vista do Cânion Itaimbezinho

Dia 5

No último dia, tínhamos apenas o traslado de volta (Cambará do Sul > Porto Alegre > São Paulo), porém eu acabei fazendo um passeio a cavalo pela manhã, na Fazenda Recanto dos Amigos, e foi uma delícia! O passeio durou mais de uma hora, passando por campos, lagos, uma mata linda com árvores cheias de musgos, uma floresta de pinheiros e um morro com vista 360 graus da região. Os cavalos são super mansos, o guia Renan (filho do dono da fazenda) é uma simpatia e os cachorros também nos acompanharam por todo o percurso. Assim me despedi de Cambará, já com saudades e com vontade de voltar para ver o Cânion Fortaleza (risos).



Saldo da viagem

Apesar do tempo ter atrapalhado um pouco nossa viagem, o saldo foi super positivo e mesmo assim conseguimos aproveitar bastante. De qualquer forma, acredito que a melhor época do ano para visitar Cambará do Sul seja na primavera, assim você poderá aproveitar para nadar nos rios e cachoeiras, o risco de neblina é menor e, mesmo assim, conseguirá aproveitar o friozinho da serra à noite. 

Como eu fui com uma agência, já estava incluso o transporte, a entrada dos parques, o guia e o lanche das trilhas, mas caso você prefira ir de carro, o melhor é alugar no aeroporto de Porto Alegre. Assim, você terá mais flexibilidade também para ficar em um chalé fora da cidade, porém terá que comprar os ingressos à parte. A única trilha que exige guia é a Trilha do Rio do Boi, as demais você conseguirá fazer sozinho.  

Outro passeio que é bem famoso na região é o de balão, que sai da cidade de Praia Grande (SC). Imagino que seja lindo ver os cânions lá de cima e eu estava doida pra ir, mas o medo foi mais forte e não foi dessa vez que fiz meu primeiro passeio de balão. Mais um motivo pra voltar pra lá no futuro.


Outras dicas úteis:

  • Compra das entradas para os Parques Nacionais: Concessionária Urbia
  • Agência local recomendada pela pousada: Ecotours
  • Pousada de luxo em Cambará do Sul: Parador Casa da Montanha
  • Opção de pousada fora da cidade: Coruacas
  • Aluguel de sítio com casa de 2 quartos para 7 pessoas: Pousada Vale das Águas @valedasaguaspousada (dos mesmos donos do restaurante Degusta)
  • Restaurante que amamos: Degusta @degustapubrestaurante 
  • Restaurante especializado em truta: Vitrine da Truta @vitrinedatruta
  • Café especializado em geleias artesanais: Sabores da Querência @saboresdaquerencia
  • Loja de roupas típicas gaúchas: Armazém do Gaúcho @armazem.do.gaucho


domingo, 15 de setembro de 2024

Le tour de France

Raio-X da viagem

Minhas férias desse ano foram maravilhosas, intensas, perfeitas. Foi uma viagem que estava planejada desde antes da pandemia e nunca conseguíamos encaixar no nosso cronograma... mas, finalmente, depois de muitas modificações no roteiro, ela aconteceu!

A viagem foi principalmente um tour pela França Mediterrânea, Provençal e Alpina (como passamos a denominar as três regiões que visitamos), com uma passadinha na Itália (apenas um dia em Milão) e outra na Suíça (para um passeio de trem na região de Montreaux). 

Foram 14 dias de viagem e 12 dias de passeio. Conhecemos 12 cidades diferentes de 3 países. Andamos 19.000 km de avião entre São Paulo e Milão (ida e volta); dirigimos aproximadamente 2.000 km de carro, saindo de Milão e dando uma volta completa no sentido horário (veja o mapa abaixo com o roteiro); caminhamos 123 km a pé durante esses 14 dias, com uma média de 8.8 km ou 13 mil passos por dia (haja pernocas!); e, mesmo assim, eu diria que dirigir era muito mais cansativo do que caminhar...  

roteiro da viagem

Nesse post, falo sobre cada uma das cidades que visitamos, com um resumo dos principais pontos turísticos que conhecemos. A viagem foi realizada em Setembro de 2024, portanto os preços dos ingressos são desta data. E apesar de estarmos no fim do verão, teve praia e teve neve, teve mar e montanha, teve muito calor e muito frio.  


1. Milão

Il Duomo

Milão não tem tantas coisas assim para se fazer, portanto um ou dois dias na cidade são suficientes para conhecer os principais pontos turísticos: 

A Piazza del Duomo, para mim, é a região mais bonita de Milão. O Duomo, uma catedral de estilo gótico, possui 108 metros de altura e foi construído todo em mármore branco. Sua construção começou em 1386 e foi concluída apenas em 1813, mais de 400 anos depois. Recentemente, sua fachada foi restaurada e o mármore está bem conservado na maior parte, porém ainda há alguns andaimes e pontos em obras.  

Se você for até lá de metrô (o que eu recomendo, pois é inviável dirigir no centro de Milão), sentirá o impacto ao subir as escadas que indicam Piazza del Duomo e dar de frente com aquele monumento estonteante. Garanto que irá te arrancar alguns suspiros (ou até lágrimas)... 

Você pode comprar vários tipos de bilhetes que dão direito a entrar nas diferentes áreas da catedral e também de outros museus ali por perto. Na minha opinião, a visita do terraço é imperdível, pois você pode ver de perto cada uma das 134 torres, além de apreciar a vista de praticamente toda a cidade. Já o interior da catedral não me encanta muito, sempre escuro e com uma trilha sonora bem fúnebre. 

Compre seu biglietto antecipadamente no site do Duomo di Milano, e comece pelo terraço (de lá você já sai dentro da catedral para continuar a visita). Compramos o "Combo Stairs" por 20, que dá direito a visitar a Catedral, o Terraço, o Museo del Duomo e a Chiesa di San Gottardo. 

Não é permitido entrar com mochila, comida ou bebida dentro da catedral (exceto garrafa de água). Além disso, você será barrado se estiver de short ou saia acima do joelho, de blusa com o ombro ou com a barriga à mostra. Para ir ao terraço, vá de tênis ou com um sapato confortável e que não escorregue, pois você irá andar sobre mármore no telhado da catedral. No nosso caso, que compramos o ingresso para ir de escada, tivemos que subir os 251 degraus, também sobre o mármore, mas foi bem tranquilo. Caso você não tenha condições físicas, pode optar pelo ingresso "Combo Lift" (25€), que permite a subida de elevador.

Na Piazza del Duomo, entre também na Galeria Vittorio Emanuele II, para apreciar seus cafés, vitrines de lojas de grife e arquitetura magnífica. No centro da galeria, você não pode deixar de dar uma volta completa, de olhos fechados, com o calcanhar direito em cima do touro de mosaico. Não se preocupe que você irá encontrá-lo facilmente, pois sempre há uma fila de pessoas esperando para fazer o mesmo movimento! 

De lá você pode ir caminhando até o Castelo Sforzesco pela Via Dante, cheia de lojas e restaurantes. Se você for um apaixonado por moda, ali perto também fica o Quadrilatero d'Oro, um quarteirão da Via Napoleone com as principais (e mais caras) boutiques de luxo do mundo. Outra opção em Milão para os privilegiados financeiramente é assistir a uma ópera, ou pelo menos fazer uma visita guiada no Teatro alla Scalla, um dos teatros mais famosos do mundo, com sua arquitetura neoclássica.

Já o Castelo Sforzesco foi originalmente construído no século XIV para ser a residência da Dinastia Visconti, porém após sua destruição no século XV, foi reconstruído por Francesco Sforza, um duque de Milão. Hoje, seu interior inclui um museu com diversas obras de arte, e na parte de trás fica o Parco Sempione. De lá você pode caminhar até o Arco della Pace, um monumento histórico no estilo do Arco do Triunfo de Paris. 

Acabamos não entrando no interior castelo, porém vale a pena conhecer sua área externa e seus jardins. O museu abre de terça a domingo, e no primeiro domingo do mês a entrada é gratuita (sem reserva). Para os demais dias da semana, você pode comprar o bilhete por 8€ no site oficial do Castello Sforzesco. 

Outro ponto turístico de Milão é o famoso quadro A Última Ceia, de Leonardo da Vinci, que fica na igreja Santa Maria Delle Grazie. A igreja fica aberta de terça a domingo e como o único dia que estivemos em Milão foi uma segunda, não conseguimos fazer a visita. Mas é preciso muita paciência para conseguir o ingresso, pois a venda só abre através do site do Cenacolo Vinciano (15€) de 2 a 3 meses antes da data da visita, sempre na quarta-feira às 12h do horário da Itália (ou 7h do horário de Brasília). Eu fiquei tentando por várias semanas, colocando um alarme nesse horário, para então descobrir que não conseguiria comprar para a segunda-feira... 😌

Minha última dica de Milão é o Hotel Vila Malpensa, que fica a 800m do aeroporto de Malpensa, o principal para voos internacionais. Como nossa passagem pela cidade foi bem rápida, alugamos o carro no aeroporto e dormimos ali por perto, fazendo todos os passeios de transporte público. O hotel é um casarão do início do século XX, com decoração típica, um lindo jardim e uma piscina. Além disso, possui café da manhã, restaurante, estacionamento grátis e transfer para o aeroporto (pago à parte). Reservamos pelo Booking e o valor não foi muito diferente de um quarto no Ibis. Valeu a pena!


2. Nice

Promenade des Anglais

Dormimos algumas noites em Nice, porém conhecemos a cidade em um dia e nos outros fizemos alguns passeios ali por perto. Para mim, o mais importante em Nice é conhecer a Côte d'Azur com sua maravilhosa água turquesa... mas a cidade também oferece uma infinidade de restaurantes e um centrinho histórico digno de um demorado passeio a pé, para se perder em suas ruas estreitas e admirar sua arquitetura. Não deixe de provar o "magret de canard" (filé de pato), que é servido na maioria dos restaurantes. O pato é considerado uma carne vermelha, e o magret é cortado em pedacinhos como se fosse de picanha... delicioso! 

A caminhada pela Promenade des Anglais, um calcadão na praia cheio de barzinhos, é imprescindível em qualquer época do ano. No final da praia, vá até o Pointe de Rauba-Capeau para ter uma vista de toda a costa, com seus cinquenta tons de azul, ou ainda caminhar pelo pequeno, porém charmoso, porto de Nice.  

Se você for no verão (ou se for corajoso como os franceses para entrar na água gelada em qualquer época do ano), pode aproveitar também para ir à praia. Mas lembre-se de levar uma papete ou um tênis para entrar na água, pois as praias do mediterrâneo são todas de pedra. Os franceses estão acostumados e conseguem caminhar descalços pelas pedras, mas eu não nasci com essa habilidade e parecia uma pata tentando me equilibrar... Também não adianta entrar na água com um chinelo havaianas, pois ele sairá boiando com a primeira onda e você correrá o risco de perdê-lo.  

Outra opção para ver a maravilhosa costa azul é subir a Colline du Château (Colina do Castelo), o morro que fica entre a praia e o porto. Você pode subir a pé pelas escadas, ou de elevador, para quem não está tão em forma. Lá no alto tem uma lanchonete, uma cachoeira artificial, vários gramados onde você pode aproveitar para fazer um piquenique (ou apenas relaxar, sentindo a brisa mediterrânea) e, claro, apreciar a vista de toda a cidade. Já o castelo que dá o nome ao morro, você verá apenas as ruínas, pois ele foi destruído em 1706. 

Conhecemos também o Musée Renoir, que fica em Cagnes-sur-Mer, um município vizinho de Nice. Na verdade, nem dá pra perceber que você muda de cidade. De carro, é muito fácil e rápido chegar lá, apenas 20 minutos do centro de Nice.

A entrada custa 6€, e você pode visitar o lindo jardim, com algumas esculturas do mesmo autor e muitas árvores (principalmente oliveiras), além da casa onde o pintor morou, com os móveis originais e seus quadros expostos. É um passeio muito agradável!  


3. Mônaco

vista de Mônaco

Mônaco é puro luxo. Tudo muito limpo, arborizado, lindo e organizado. O principado, hoje governado pelo príncipe Alberto II (filho de Grace Kelly e irmão de Caroline e Stéphanie), possui apenas 40 mil habitantes e é dividido em 10 distritos, entre eles o famoso Monte Carlo. É lá que fica o Casino de Monte Carlo (cujo museu fica aberto para visita no período da manhã) e também o circuito onde ocorre o Grande Prémio de Mônaco da Fórmula 1. Se você estiver lá entre abril e maio, poderá visualizar o circuito já montado e dirigir pelas ruas e túneis da cidade, imaginando que é um piloto de F1...

Outra particularidade de Monte Carlo é assistir a troca da guarda, que acontece todos os dias, pontualmente às 11:55h, na Place du Palais, em frente ao Palácio do Príncipe, a residência da família real de Mônaco. Os guardas que entrarão no próximo turno saem do edifício em frente, escoltados por uma bandinha e, após a troca da guarda dentro dos portões do palácio, os guardas que deixarão o turno saem pelo mesmo caminho, também acompanhados da bandinha. Uma graça ver todos aqueles guardas uniformizados e totalmente sincronizados. Além disso, esta praça possui diversas lojinhas de souvenir, incluindo uma com produtos originais da Ferrari, que é escuderia de Charles Leclerc, nascido em Mônaco. 

Se tiver tempo, você também pode visitar o Museu Oceanográfico, ou apenas caminhar pelo Jardim Exótico, pelas ruas estreitas para curtir os cafés, restaurantes e lojinhas, e se sentir uma celebridade (ou até mesmo um membro da realeza)!  

É possível visitar Mônaco em um dia saindo de Nice. A viagem de carro dura meia hora, e se você for pela costa, poderá apreciar a vista deslumbrante do mar mediterrâneo. Na volta, vá por outro caminho e pare em Eze, um lindo vilarejo medieval, com suas casas e ruas de pedras.  


4. Cannes

Île Sainte-Marguerite

Cannes também é um passeio de um dia saindo de Nice, e possui o estilo bem parecido: uma cidade à beira do Mar Mediterrâneo com um centrinho antigo cheio de lojinhas e edifícios coloridos. A cidade também é conhecida por receber um dos mais tradicionais festivais de cinema do mundo, portanto vale a pena andar até o palácio onde ocorre o festival para tirar uma foto na escada de tapete vermelho, por onde já desfilaram muitos astros de Hollywood.  

Não fiquei muito tempo na cidade, pois nosso objetivo era conhecer a Île Sainte-Marguerite, que fica a 15 minutos de barco de Cannes pela Trans Côte D'Azur. Passamos um dia inteiro na ilha e conhecemos o Fort Royal, construído no século XVII e transformado em uma prisão (diz a lenda que o Homem da Máscara de Ferro ficou preso lá), nadamos em suas águas transparentes (e geladas) e caminhamos muito pelos bosques e trilhas com vista panorâmica!

Sainte-Marguerite possui dois restaurantes e alguns kiosks com comida, mas recomendo levar água e lanche, pois a ilha é bem grande e os restaurantes estão apenas em alguns pontos específicos. Entramos no mar no lado sul da ilha, onde existe um eco museu subaquático, com esculturas colocadas a alguns metros abaixo da água. É importante levar uma máscara ou óculos de natação para conseguir abrir os olhos debaixo d'água e encontrá-las mais facilmente.

Passar a noite na Ilha de Sainte-Marguerite não é para qualquer um... A única opção é alugar uma vila exclusiva e luxuosa chamada Le Gran Jardin, com spa, iate e outros serviços inclusos nas diárias de centenas de milhares de euros. Sendo assim, pegamos o último barco de volta a Cannes às 18:30h.

Outra ilha que permite um passeio de um dia saindo de Cannes é a Île Saint-Honorat. Lá fica o Mosteiro da Abadia de Lérins, uma abadia medieval fortificada do século XIX até hoje habitada por monges, que cultivam vinhedos e produzem vinhos e licores renomados.


5. Marseille

Catedral de Marselha

Marseille é considerada a cidade mais antiga da França e a segunda mais populosa, apenas atrás de Paris. Faz parte da região de Provence e também fica na costa do Mediterrâneo, sendo até hoje o maior porto comercial do país. Vale a pena dar uma passadinha no Vieux Port (Porto Velho), repleto de cafés, restaurantes e lojinhas de souvenir.

De lá você pode caminhar até a área externa do MUCEM, o Museu das Civilizações Europeias e Mediterrâneas e contemplar a espetacular vista para o mar. Não tivemos tempo de entrar no museu (que parece interessantíssimo), mas seu entorno também é maravilhoso. 

Ali perto também fica a Catedral de Marselha, também conhecida como Catedral de Santa Maria Major. É uma igreja majestosa no estilo bizantino, construída no século XIX sobre uma catedral antiga do século XII (a velha Major). Sua fachada externa é listrada com pedras verdes e brancas, enquanto seu interior é listrado em mármore branco e pórfiro, uma pedra avermelhada. 

Outra igreja imperdível de Marseille é a Basílica de Notre Dame de La Garde, bem parecida com a Santa Maria Major, com sua fachada em listras verdes e brancas. Porém, a Notre Dame possui apenas uma torre, enquanto a Major possui duas. E a Notre Dame fica em cima de um morro, de onde se pode apreciar a vista da cidade, enquanto a Major fica no centro, no nível do mar. Não consegui entrar na Notre Dame pois, quando cheguei, suas portas  já estava se fechando. Mas a fachada externa e a vista de lá são maravilhosas e compensou a subida!


6. Aix-en-Provence

Cours Mirabeau

Aix-en-Provence é uma das principais cidades da região de Provence. Porém, na minha opinião, ficou a desejar e, de todos os lugares que visitei nessa viagem, foi o único que poderia ser excluído do roteiro. Claro que é uma cidade bonita, mas não tem muita coisa para fazer além de caminhar pela Cours Mirabeau, uma rua com diversas lojas, restaurantes e fontes antigas de água. Nossa única surpresa boa dessa rua foi o almoço no restaurante Italian Trattoria, que serve pizzas, saladas e sobremesas deliciosas. 

De lá, fomos para a Fábrica da L'Occitane em Manosque, que fica a 55km de Aix-en-Provence. Se você viajar em Julho, poderá aproveitar para ver também os famosos campos de lavanda no caminho, perto da cidade de Valensole. Como fomos em setembro, todas já haviam sido colhidas e restavam apenas os imensos campos, já secos.

Compramos o ingresso antecipado pelo site por 6€, que dá direito à visita na fábrica, loja e museu. O tour é guiado e dura aproximadamente 1h e, além de ter desconto nos produtos da loja, você também ganha algumas amostras grátis. 😁 

Outra opção para conhecer as diversas utilizações da lavanda é o Museu da Lavanda, que fica em Luberon (a 20km de Avignon). Eles também oferecem visitas guiadas por 8, loja e museu, dessa flor que é o símbolo de Provence. 💜


7. Avignon

Muralha de Avignon

Avignon foi a cidade de que mais gostei em Provence. Fiquei maravilhada com sua muralha de mais de 4km que circunda toda a cidade velha, e com o Rio Ródano, de coloração esverdeada e correnteza forte. E a cada nova história que eu conhecia, ficava mais impressionada com essa cidade. Não é de se surpreender que é considerada um Patrimônio Mundial da UNESCO.

A começar pelo fato de que Avignon foi a residência oficial dos papas da igreja católica do século XIV ao XVIII, até que a sede fosse transferida para Roma. Foi nesse período que a muralha, e também o imenso Palais des Papes, foram construídos. 

Compramos por 17€ o ingresso que dava direito ao palácio dos papas, ao jardim e à Ponte Saint Bénézet, no site de Avignon Tourisme. A ponte também é um espetáculo à parte. Construída no século XII sobre o Rio Ródano, originalmente possuía 22 arcos que iam de uma margem à outra, porém hoje restam apenas quatro deles, já que os demais desmoronaram com as inundações do rio. Mas é uma ótima experiência andar até o final da ponte, no meio do rio.

Reserve pelo menos meio dia para conhecer o interior e o jardim do palácio, e se possível, vá até a ponte no entardecer para poder apreciar o pôr-do-sol. No mais, aproveite para se perder nas ruazinhas, dar a volta por fora da muralha e curtir a cidade, que é um tesouro medieval.

Avignon é um ótimo ponto para ficar hospedado em Provence e, de lá, passar o dia nas cidades vizinhas, para não ter que trocar de hotel com tanta frequência. Como estávamos de carro, ficamos várias noites lá enquanto visitamos Aix-en-Provence, Arles e Nîmes. Mesmo assim, ainda ficaram tantas outras cidades da região que queríamos conhecer... Les Baux, Gordes e Saint-Remy-de-Provence são algumas delas, mas essas vão ficar para uma próxima viagem. 

Nos hospedamos no ibis Avignon Centre Pont de l'Europe, que é mais barato porque fica do lado de fora da muralha, mas foi bem fácil se locomover a pé para passear e jantar todos os dias. Mas, se você puder, recomendo o Hôtel Mercure Avignon Centre Palais des Papes, que possui quartos com vista para o palácio, por alguns euros a mais. 


8. Arles

Théatre Antique

Eu não sabia a diferença entre teatro e anfiteatro antes de conhecer Arles. Pois a cidade possui os dois, ambos Patrimônios Mundiais da UNESCO: O Théatre Antique, construído em 12 a.C em formato de semi-círculo, e o Anfiteatro Romano (ou Arénes d'Arles), construído em 90 a.C em formato circular. Porém, só conseguimos entrar no teatro, pois no dia em que estivemos lá estava tendo uma tourada (!) no anfiteatro (sim, isso ainda existe nos dias de hoje, e não somente na Espanha). 

A cidade também possui várias igrejas e praças medievais maravilhosas, que você pode conhecer enquanto caminha pela cidade, sem pressa. 


9. Nîmes

Arènes de Nîmes

Nîmes foi a melhor surpresa da nossa viagem! Essa cidade também possui uma arena (ou anfiteatro), a Arènes de Nîmes, construída no século I d.C. para sediar espetáculos de combates entre gladiadores e animais (!). Entramos no Musée de la Romanité, um museu sensacional que fica bem na frente da arena e conta a história de época romana (ingresso a 9€) e caminhamos até o Maison Carrée, um templo romano belíssimo, bem como todo o caminho para chegar até lá. 

Também considero imperdível conhecer a Pont du Gard, um aqueduto romano próximo a Nîmes, sobre o rio Gardon. Essa ponte é uma verdadeira obra de arte e de engenharia, construída no século I a.C para trazer água potável a população de Nîmes. Possui três níveis, o primeiro com 7 arcos grandes (por onde passa uma estrada que podemos caminhar), o segundo com 11 arcos menores e o terceiro, no topo, com 35 arcos pequenos, por onde passava a água. A ponte possui 275m de extensão e 49m de altura, porém o aqueduto completo tem quase 50km de comprimento. O mais interessante é que foi construído apenas com pedras, sem nenhum tipo de cimento, e mesmo mais de XX séculos depois, ele continua de pé. Mais um patrimônio mundial para a conta da viagem!  

A 30 minutos ao norte da Pont du Gard também fica o Théâtre Antique d'Orange, outro teatro romano construído no século I (e bem conservado até hoje). Da mesma forma que o teatro de Arles, a arquibancada era dividida em três partes, de acordo com as classes sociais: a parte mais baixa era reservada a grandes personalidades, a do meio a comerciantes e a mais alta às prostitutas, escravos e estrangeiros.


10. Annecy

Palais de l'Ile

Annecy é uma cidade linda, às margens do Rio Thiou, cujas águas esverdeadas desembocam em um imenso lago (le Lac d'Annecy). Caminhar pela cidade é de tirar o fôlego, tanto em volta do lago quanto nas ruazinhas e pontes sobre o rio. É possível também dar uma volta de barco pelos canais do Rio Thiou, o que dá a cidade o apelido de "a Veneza francesa". 

Os principais pontos turísticos da cidade são a Pont des Amours (Ponte do Amor) e o Palais de l'Ile (o palácio da ilha), que fica em uma ilhazinha em um dos canais do rio. 


11. Trem do Chocolate

Vila de Gruyères

Neste dia, ficamos hospedados em Chamonix, ainda na França, e cruzamos a fronteira até Montreaux, na Suíça, para pegar o Trem do Chocolate. O passeio foi lindo, mas foi bem cansativo ir e voltar no mesmo dia, e nem tivemos tempo de conhecer Montreaux (outra cidade que também vai ficar para uma próxima viagem).

O trem sai de Montreux pontualmente às 9h50 e vai até a cidade de Montbovon. O percurso demora 1h e as paisagens são lindas, dignas de uma propaganda do chocolate Milka. De lá, pegamos um ônibus até Gruyère, para conhecer a fábrica do famoso queijo suíço - com degustação, claro! Foi nesse dia que descobri que os queijos curados não possuem lactose, portanto pude degustar sem culpa e ainda trouxe vários queijinhos na mala. 

Depois, paramos na vila de Gruyères, onde pudemos almoçar e passear. Apesar de pequenininha, essa vila não decepciona, com paisagens de contos de fadas e um centrinho super charmoso. Andamos até o castelo, tiramos milhares de fotos e voltamos para o ônibus, que nos levou até a nossa terceira parada: a fábrica de chocolates Maison Cailler, na vila de Broc.   

A visita é deliciosa, e você pode comer quantos chocolates quiser (eu provei todos sem enjoar!), e ainda comprar tudo o que puder na maravilhosa loja no final do passeio. Ninguém resiste. A volta para Montreaux é feita apenas de ônibus, num trajeto de 45 minutos. O passeio termina no final do dia, quando você estará com a barriga cheia de queijos e chocolates, o celular com milhares de fotos e o rosto com um sorriso de felicidade. 

É importante comprar o ingresso com antecedência no site da MOB, pois o trem só funciona alguns meses por ano e, dependendo do mês, apenas em alguns dias da semana. O passeio não é barato, na época em que fui a tarifa de adulto foi aproximadamente R$ 560 por pessoa, incluindo os trajetos de trem e ônibus (ida e volta) e os passeios nas fábricas de queijo e chocolate (não inclui o almoço). Mas foi delicioso e não nos arrependemos nenhum pouco. 

Você também pode optar por fazer esse mesmo roteiro de carro e comprar os passeios à parte. Neste blog estão algumas dicas de como ir de carro para conhecer a fábrica de chocolates, que para mim foi bem mais interessante do que a fábrica de queijos (apesar de eu amar as duas iguarias gastronômicas com a mesma intensidade).  


12. Chamonix-Mont-Blanc

Mer de Glace

Um dos objetivos da nossa viagem era conhecer o Mont-Blanc dos dois lados, o francês e o italiano (chamado de Monte Bianco). Mas... o tempo não colaborou e não conseguimos enxergar a montanha de nenhum lado, pois nos dois dias tinha muita neblina.

O Mont-Blanc é a montanha mais alta da Europa, com 4.800m. Está situado nos Alpes, na fronteira entre a França, a Itália e a Suíça. Primeiro, fomos para Chamonix-Mont-Blanc, uma cidade francesa chiquíssima, onde você pode curtir diversos passeios. Os mais conhecidos são o do Mer de Glace e o Aiguille du Midi, que são bem diferentes entre si, portanto você pode fazer os dois no mesmo dia. É possível comprar o bilhete diretamente na estação, e tem desconto para comprar os dois passeios juntos. 

Porém, como o tempo estava ruim e não conseguiríamos ver nada de cima da montanha, optamos por fazer apenas o do Mer de Glace, cujo objetivo é conhecer uma caverna de gelo dentro de um glaciar. Para chegar lá, você pega um trenzinho vermelho na estação Montenvers (no centro da cidade), que sobe por 20 minutos até chegar a 1.913m. Depois de descer uma escadaria, você chega na caverna de gelo, que é surpreendente - e congelante, claro. 

Já o passeio do Aiguille du Midi é a melhor opção para ver o Mont-Blanc e a cidade de Chamonix. Você irá subir de teleférico saindo Chamonix (que está a 1.035m) até o primeiro plano (a 2.310m de altitude) para se aclimatar, e depois para o segundo plano a 3.842m de altitude. 


13. Courmayer

Vista do Skyway

No último dia de viagem, cruzamos a fronteira da França para a Itália até o Vale d'Aosta, onde está a cidade de Courmayer, o principal ponto de partida para o Monte Bianco. O melhor trajeto para ir de Chamonix a Courmayer é pegando o túnel de 11km de extensão que passa por baixo dos Alpes e... voilà, em meia hora você estará na Itália! Mas, como não era nosso dia de sorte, o túnel estava fechado para manutenção e tivemos que ir pela estrada em volta dos Alpes, o que demorou quase 3 horas. A paisagem é estonteante, e acabamos curtindo muito a viagem. Teve até neve no caminho, vaquinhas peludas com seus sininhos ensurdecedores e muitas curvas. 

Ao chegar em Courmayer, fomos direto para o Skyway, um teleférico giratório que sobe até 3.466m, com uma parada intermediária a 2.173m de altura. Como já mencionei antes, nem lá de cima conseguimos ver o pico do Monte Bianco. Porém, como já tínhamos comprado o ingresso (56 por pessoa para ida e volta até o último ponto), subimos mesmo assim, e o passeio foi maravilhoso. Só o trajeto de teleférico e a vista de Courmayer já compensam, além de várias coisas para ver e fazer nas duas paradas, incluindo lojinha, café e jardim. 


***


O saldo final da viagem foi de muitas cidades maravilhosas visitadas, muitos lugares interessantíssimos conhecidos, mas também muitos perrengues (veja também o post Perrengue très chic! sobre algumas histórias dessa viagem) e outros lugares que não conseguimos conhecer, que irão ficar para as próximas viagens. Mas são essas imperfeições que tornaram nossa viagem única, perfeita.

Nossa escolha foi sempre por caminhar muito todos os dias e conhecer diversas cidades, sem necessariamente entrar em todos os museus e pontos turísticos. E sempre voltamos dessas viagens com uma bagagem cultural maior e com muitas histórias para contar. Até a próxima viagem! ✈


sábado, 20 de maio de 2023

Patagônia Express

Foi difícil decidir se eu iria para a Patagônia com uma agência ou por conta própria. Pesquisei diversos roteiros nas agências de aventura com que costumo viajar (Pisa Trekking e Venturas) e também na Freeway, mas não encontrei nenhum que eu quisesse fazer, na data que eu teria férias e por um valor que eu estava disposta a pagar. Todas as agências ofereciam ótimas opções até o final de abril, quando termina a temporada de verão, mas minha viagem seria na primeira semana de maio. 

Portanto, minha primeira dica para ir para a Patagônia é que você vá entre os meses de Outubro e Abril, quando há mais opções de passeios e quando o clima está melhor para poder aproveitar as vistas e trilhas que a região oferece. No meu caso, acabei decidindo organizar a minha própria viagem, o que, além de dar um pouco mais de trabalho, talvez pudesse ser otimizada caso eu fosse com alguma agência.

O planejamento

Minha intenção era ir para a Patagônia Argentina e Chilena, sem passar pelo Ushuaia (que considerei muito frio para a minha pessoinha). O melhor roteiro que eu encontrei para o que eu queria era o Patagônia Express, da Pisa Trekking, que ficava dois dias em El Calafate (Argentina) e um dia em Torres del Paine (Chile), mas não era oferecido na data em que eu iria viajar. Então, decidi fazer o mesmo roteiro sem a ajuda da agência. 

A passagem foi fácil decidir. A Aerolíneas Argentinas estava com uma tarifa muito boa para o mês de maio, com um tempo total de viagem de 8h, o que era muito menor que os demais voos. Paguei aproximadamente R$ 2000 (incluindo taxas) para ida e volta de São Paulo a El Calafate, com conexão de 2 horas em Córdoba, o que é bem melhor que a conexão em Buenos Aires, que requer uma troca de aeroporto. Os únicos pontos negativos foram que, na ida, tivemos que retirar a mala e despachar novamente em Córdoba, e que praticamente passamos fome, pois a companhia aérea só nos deu um lanchinho no voo entre São Paulo e Córdoba e um amendoinzinho no voo de Córdoba para El Calafate. Mas dá tempo de comer alguma coisa no aeroporto durante a conexão, então ficou tudo certo. 

Também havia pesquisado a opção de ir pela Argentina e voltar pelo Chile, considerando que o trecho entre El Calafate e Torres del Paine também era bem longo. Mas as tarifas aéreas estavam muito mais caras, então decidi ir e voltar por El Calafate e, de lá, ir e voltar para Torres del Paine. 

No caso da hospedagem, reservei pelo booking.com, os três primeiros dias em El Calafate no Hotel ACA El Calafate, dois dias em Torres del Paine no Hotel Lago Grey e mais um dia em El Calafate, no mesmo hotel, antes de retornar a São Paulo. 

O hotel de El Calafate é um três estrelas com o melhor custo-benefício. Super bem localizado, bem decorado e com um ótimo atendimento. As quatro noites custaram R$ 1000 para duas pessoas. Já o hotel de Torres del Paine era outro patamar... como iríamos ficar apenas um dia inteiro por lá, escolhemos um hotel boutique dentro do Parque Nacional, e as duas noites saíram por R$ 2000 para duas pessoas. É bem mais caro, mas de vez em quando podemos nos dar esse luxo, não é mesmo? Além disso, os funcionários são extremamente atenciosos, e o próprio hotel possui diversos passeios e trilhas, que podem ser contratadas à parte. Então valeu super a pena. 

Quanto ao roteiro, como sempre, pesquisei no blog Viaje na Viagem e encontrei dois posts super completos sobre El Calafate e Torres del Paine. E a primeira coisa que li neste blog foi que não valia a pena alugar um carro para ir de El Calafate para Torres del Paine, pois as estradas quase não tinham postos de gasolina e teríamos que passar na imigração sozinhas. Como estávamos só eu e minha irmã e nenhuma de nós estava morrendo de vontade de dirigir, preferimos tentar outras formas de locomoção.

Foi aí que o meu planejamento ficou complicado... Perguntei nos dois hotéis que eu havia reservado como poderíamos chegar de El Calafate ao hotel de Torres del Paine, e basicamente a única forma nesta época do ano era alugar um carro (que já havíamos descartado) ou contratar um transfer. Mais uma vez, viajar fora da temporada dificultou um pouco as coisas, pois muitos ônibus não operavam ou operavam apenas em alguns dias específicos da semana neste período.

Fizemos a cotação do transfer em algumas empresas recomendadas pelo hotel e o valor era no mínimo R$ 4000 ida e volta, para duas pessoas, de hotel a hotel. Ou seja, o mesmo valor que havíamos pagado na passagem de avião de São Paulo a El Calafate! Sendo assim, esta opção também foi descartada. A solução foi pegar um ônibus de linha de El Calafate (Argentina) até Puerto Natales (Chile) e contratar o transfer da 4x4 Patagônia (WhatsApp: +569 9731 5866) de Puerto Natales até o Hotel Lago Grey, totalizando R$ 1600 ida e volta para duas pessoas (ônibus + transfer). 

As passagens de ônibus comprei pelo site Busbud, pois acabou sendo mais fácil do que comprar separadamente a ida e a volta em duas empresas de ônibus distintas. Para ir de El Calafate a Puerto Natales, fomos pela Turismo Zaahj e, para voltar, pela Bus-Sur (muito melhor em termos de conforto, e eles dão até um café solúvel e uma barrinha de cereal durante a viagem). Mas nesta época a Bus-Sur não fazia o trajeto de ida no dia da semana que gostaríamos, então tivemos que variar. 

A viagem dura no mínimo 5 horas e vai da rodoviária de El Calafate até a rodiviária de Puerto Natales. Há três paradas em cada percurso, uma num posto de gasolina e duas na imigração argentina e chilena. Na ida, ainda temos que descer com as mochilas para passar no Raio-X e um labrador entra dentro do maleiro do ônibus para "revistar" nossa bagagem. Na volta, temos apenas que mostrar nosso passaporte e ganhar um carimbo. Nestes momentos eu fiquei bem feliz por não estar fazendo tudo isso sozinha, a bordo de um carro alugado e sem conhecer o processo. Quando chegamos em Puerto Natales, o transfer estava nos esperando para mais duas horas de viagem de carro até Torres del Paine, na maioria em uma estrada de terra.

Por fim, os passeios... Em Calafate reservei os dois dias pela Patagonia Dreams (que eu encontrei pelo Trip Advisor), um dia para o Glaciar Perito Moreno e o outro para a cidade vizinha El Chaltén. Gostaria de ter ido também em um outro passeio para o Glaciar de Upsala, mas achei que seria "mais do mesmo", pois em Torres del Paine eu iria conhecer outra geleira. Além desses dois passeios, também contratei o transfer do aeroporto ao hotel de El Calafate pela Patagonia Dreams (ida e volta). 

Os passeios de Torres del Paine fiz pela própria agência do Hotel Lago Grey, que oferece várias opções de trilhas light ou mais avançadas, além da navegação pelo Lago Grey, que saem do próprio hotel. Para chegar ao hotel, é necessário comprar o bilhete do Parque Nacional Torres del Paine, que pode ser adquirida antecipadamente pelo site do CONAF por USD 35 ou diretamente na entrada do Parque por USD 40. Claro que eu comprei antes e fui com todo o roteiro super planejado.

Outra opção de passeio bastante típica é o City-tour-de-parque (como denomina Ricardo Freire nesse post), que sai de Puerto Natales e passa por vários mirantes e pontos turísticos do Parque Nacional. Mas, como já estávamos dentro do Parque, este tour também ficará para a próxima viagem que farei para a Patagônia. No verão, claro. 


A viagem

Depois de muita espera e muito planejamento, finalmente chegou o dia da viagem! 

Como o roteiro durou apenas uma semana, praticamente foram dois dias para ida e volta de avião entre São Paulo e El Calafate (Argentina) e mais dois dias para ida e volta de ônibus + transfer entre El Calafate e Torres del Paine (Chile). Os outros três dias foram de passeios, dois em El Calafate e um em Torres del Paine.


Patagônia Argentina

O primeiro passeio começou em grande estilo. O Perito Moreno é sensacional, é um mar de gelo sem fim, que ao mesmo tempo assusta e impressiona. São 30 km de comprimento e de 50 a 70 metros de altura. 

Fizemos a navegação para apreciar a geleira de baixo e depois a caminhada pelas passarelas, para apreciar a geleira de cima. Há também um passeio em que você usa botas de neve e caminha pela geleira, mas não nos interessamos muito. Quem fez, porém, diz que é muito legal e que no final você ainda pode tomar um whisky com gelo retirado "da fonte". 



No segundo dia fomos para El Chaltén, a capital do treking argentino. Há inúmeras opções de trilhas, mas como estávamos fazendo um roteiro express, preferimos uma trilha de 8km (ida e volta) que vai até a Laguna Capri e dura aproximadamente 3 horas. De lá, temos uma vista impressionante dos picos Fitz Roy e Cerro Torre, mas eu diria que a vista é impressionante durante toda a caminhada.



A Patagônia Dreams foi super organizada, os guias eram legais e a turma bem tranquila também. Durante o trajeto, nos dois dias de passeio, pudemos observar ovelhas, guanacos (um tipo de lhama) e choiques (uma ave cinza, tipo um avestruz). Aliás, os guias contaram várias histórias sobre a superpopulação de guanacos que ocorreu por causa da extinção dos pumas: como os pumas atacavam as criações de ovelhas, os fazendeiros começaram a matá-los. Mas como eles eram tanto predadores de ovelhas quanto de guanacos, isso fez com que a região se transformasse na "guanacolandia". 😂 

Também tivemos uma boa amostra do clima patagônico. Apesar de estarmos no outono, já estava bastante frio para o meu padrão (de zero a 5 graus, aproximadamente). O vento sempre esteve presente, o que fazia com que ficasse ainda mais frio. A Patagônia Argentina é uma região bem seca, praticamente desértica, portanto capriche no hidratante e na manteiga de cacau quando for fazer a mala. 

O centrinho de El Calafate também merece várias visitas, e neste ponto o nosso hotel foi super estratégico, pois podíamos fazer tudo a pé. A Avenida del Libertador possui muitos restaurantes, cervejarias e lojinhas de souvenier. Também há diversas lojas de alfajor e de chocolate artesanal que valem a pena uma degustação, além da geleia de calafate, uma frutinha típica da região, que parece um mirtilo e que dá o nome à cidade. 

Quanto aos restaurantes, os que mais gostamos foram La Tablita e La Lechuza, ambos na avenida principal. No La Tablita, provamos o típico cordeiro assado (apesar de morrer de dó de vê-los estirados nas vitrines dos restaurantes) e no La Lechuza comemos uma deliciosa empanada argentina de entrada e uma massa recheada com carne de cordeiro (de novo!) ao molho pesto. Hummmmmm... 


Patagônia Chilena

A Patagônia Chilena possui um clima bem distinto da Patagônia Argentina, pois o lado oeste da Cordilheira dos Andes recebe um pouco mais de umidade do Oceano Pacífico. Sendo assim, a vegetação é mais verde comparada ao lado argentino, que é bem mais seco.  

Em compensação, o vento patagônico é o mesmo tanto na Argentina quanto no Chile! Ele vem do Oceano Pacífico e canaliza pela Cordilheira dos Andes, possibilitando a mesma "experiência" nos dois lados. No dia em que chegamos no Hotel Lago Grey, praticamente nem conseguimos sair ali de dentro, pois o vento chegava a 90 km/h. Nos disseram que no verão ele é ainda mais intenso, mas confesso que cheguei a ficar até com medo de cair uma árvore em cima do nosso teto, de tão forte que estava. 

Por causa desse vento, nossa navegação pelo Lago Grey ficou em risco, e só no horário da saída o comandante deu a aprovação de que era seguro. Mas não pudemos ficar do lado de fora do barco durante a navegação, somente quando estávamos parados ou navegando lentamente perto das geleiras pudemos sair, e mesmo assim achei que eu sairia voando de tão forte que estava o vento! 

A vista do Glaciar Grey também impressiona. O barco passa pelas 3 "línguas" de gelo, que escorrem entre as montanhas. Mesmo assim, esta geleira é um pouco menor que o Perito Moreno, possuindo 15 km de comprimento. O passeio dura em torno de 3 horas, e para chegar ao local de onde sai o barco, é preciso caminhar meia hora pela areia, sempre com muito vento. 



O Hotel Lago Grey fica bem de frente para o Lago Grey, e do restaurante podemos avistar o barco atracado e uma das línguas da geleira de longe. Quando o tempo está bom, também vemos os picos em formato de chifre chamados Cuernos del Paine. Já as três torres pontudas de granito só podem ser visualizadas do outro lado, através de trilhas ou do city tour de parque. 

No período da tarde, fizemos uma trilha leve, de 4 km (ida e volta) chamada Sendero Misceláneo. Este passeio também sai do hotel e no caminho tem até um lanchinho de queijos e frutas, enquanto apreciamos a vista lá de cima.  



No dia seguinte, já era hora de partir para El Calafate e depois para o Brasil... e apesar do frio e do vento, a Patagônia é um lugar que merece uma visita, principalmente para quem curte natureza. As paisagens são lindas, tanto do lado argentino quanto do lado chileno, a água dos lagos é muito azul (principalmente quando tem sol) e as geleiras são a cerejinha do bolo, algo único da região.   

sábado, 16 de abril de 2022

Mendoza além das vinícolas

Nem só de vinhos vive Mendoza. A região possui várias opções para quem gosta de aventuras. Há opções de cavalgadas, rafting, e muitos outros passeios na cordilheira dos Andes. Aliás, descobrimos que nesta região existem 3 faixas de montanhas: a Pré-Cordilheira, com as montanhas mais baixas; a Cordilheira Frontal, onde fica o Cerro Plata e o vulcão Tupungato; e a Cordilheira Principal, que é o limite com o Chile. É lá que está o Aconcágua, a montanha mais alta da América, com seus 6.962m de altura.  

Fizemos dois passeios na cordilheira. No primeiro dia, uma trilha até o acampamento Las Veguitas, que é o primeiro ponto de parada para quem vai escalar o Cerro Plata e outras montanhas da região. O nome é dado pela vegetação local, um tipo de graminha úmida margeando o rio que desce do degelo das montanhas. A paisagem é linda, apesar de desértica, como toda a região. Vimos muitas vaquinhas peludas (fato que me fez chamar a trilha de Las Vaquitas), cavalos e guanacos durante a caminhada. Foram 2h de subida a 3.200m de altura, o que nos fez perder o fôlego diversas vezes durante a caminhada e ficar alguns dias com a panturrilha queimando. Mas valeu muito a pena esta experiência! Saímos de lá com vontade de escalar montanhas ainda mais altas.  

Las Veguitas

Contratamos esta trilha com a agência Outdoor Frontier Tours que, além deste, oferece muitos outros passeios de aventura pela cordilheira. Fomos em um carro particular apenas com a guia. O almoço, com sanduíche e suco incluído no pacote, foi no ponto máximo da nossa subida, com uma vista espetacular (e um vento cortante também). Da próxima vez, nossa meta será o Cordón del Plata, uma caminhada de um dia inteiro que sobe os picos Andresito (3.150m), Arenales (3.400m) e Lomas Blancas (3.650m).

O segundo dia foi bem mais light. Fizemos a Experiência Aconcágua, no estilo excursão, com a agência Kahuak. Fomos de micro-ônibus, com uma turma não muito grande, mas que de qualquer forma nos obrigou a passar por todos os hotéis para buscar os passageiros. Fora esse inconveniente já esperado, a agência foi bastante organizada e pontual. 

A primeira parada do passeio é no Dique Potrerillos, um oásis no meio do deserto que representa a principal fonte de água e de energia da região. Prepare a sua câmera na saída do túnel que dá acesso ao dique, pois o impacto é espetacular. Caso você voe para Santiago, no Chile, é o único pedaço de água que você consegue enxergar do avião. Lindo, tanto visto de cima quanto de baixo. 


O ápice do passeio é realmente a parada no Parque Provincial Aconcágua. A caminhada é bem leve e praticamente plana (apesar de estarmos a 3000m de altura, o que cansa bem mais do que no nível do mar) e inclui diversas paradas para explicações sobre a geologia e a história do local. Da mesma forma, o lanche também foi oferecido pela agência, e comemos com vista para o majestoso Aconcágua. Por fim, paramos na Laguna de Horcones, a única que fica cheia em todas as estações do ano. 

Aconcágua

A última parada, já no caminho de volta, é na Puente del Inca, muito mais bonita ao vivo do que nas fotos que eu tinha visto antes da viagem. A ponte natural já não é mais acessível, depois que uma avalanche destruiu o famoso hotel que funcionava ali até meados do século passado (e manteve a igrejinha intacta!).

Puente del Inca

Nós ficamos maravilhados com as paisagens desse passeio e eu simplesmente não conseguia parar de tirar fotos (principalmente do Aconcágua!). Apesar do bom tempo, a montanha continua coberta de gelo durante todo o ano, e o vento lá em cima também é bem forte. Portanto, mesmo que você for no verão, leve uma jaqueta corta-vento, protetor solar e labial caso queira subir em alguma montanha dos Andes.  

Ao final, concluímos que o mês de abril é uma das melhores épocas para conhecer Mendoza. A probabilidade de chuva durante sua viagem é bem remota, as árvores já estão começando a mostrar a coloração do outono, numa linda combinação de tons de verde e amarelo que, ao se integrar com a cor natural das montanhas, é um espetáculo à parte para nossos olhos. Viva a natureza!

sexta-feira, 15 de abril de 2022

Mendoza Bodegueando

Tudo o que eu li sobre Mendoza antes de ir foi no blog Viaje na Viagem, de Roberto Freire. O post sobre Mendoza tem absolutamente TUDO o que você precisa saber sobre as vinícolas e os demais passeios. 

Há três regiões de vinhos, cada uma delas con muitas vinícolas (ou bodegas, en español): Valle del Uco, Lujan del Cuyo e Maipu. O blog também explica sobre as três formas de chegar lá: de ônibus, com uma agência ou contratando um remis, um tipo de carro “fretado” em que você paga um valor fixo para ele te levar onde quiser. A desvantagem dessa opção é que você tem que fazer as reservas diretamente nas bodegas que quiser visitar. 

Outra dica do blog é não ir de táxi nem alugar carro para ir nas bodegas. O primeiro, porque provavelmente vai custar mais caro que o remis, os táxis são bem velhos e nem sempre são seguros (o único que peguei lá nem tinha cinto de segurança no banco de trás). Quanto a alugar um carro, nem consigo imaginar ter que dirigir depois de degustar tantos vinhos por dia! Também vimos vários passeios de bicicleta para as bodegas mas, da mesma forma, achamos prudente não dirigir nenhum tipo de veículo depois do vinho, mesmo não sendo motorizado. Sendo assim, seguimos sua sugestão e experimentamos as duas primeiras alternativas. 


Day 1

No primeiro dia, fomos ao Valle del Uco com o Bus Vitivinicola, que é a opção mais barata para chegar nas vinícolas, no esquema Hop On Hop Off “Bodegueando”. Tem aquela parte chata de ter que passar por vários hotéis para buscar as pessoas, mas de modo geral é bastante pontual e organizado. Você reserva o ônibus pelo site e paga as bodegas diretamente lá, de acordo com a opção que escolher. A vantagem é que você tem lugar garantido e não precisa fazer a reserva nas vinícolas. 

Neste dia, conhecemos a Andeluna, a Domaine Bousquet e a famosa Salentein. Todas são lindas, cada uma com um estilo diferente.

A Andeluna não estava permitindo visita quando fomos, portanto só fizemos a degustação, ao lado dos vinhedos e com uma incrível vista para a cordilheira dos Andes. 

Andeluna

O almoço foi na Domaine Bousquet, uma sequência deliciosa de 4 pratos (couvert, entrada, prato principal e sobremesa), incluindo a degustação de 3 vinhos. Foi praticamente uma orgia gastronômica e etílica! Saímos de lá literalmente empanturrados de tanto comer e beber.

Domaine Bousquet

Já na Salentein, fizemos a visita com degustação, servida em um anfiteatro com pé direito alto e muitos barris de vinho no entorno. Quem souber tocar, pode dar uma palhinha no piano de cauda que tem lá embaixo, e eles prometem que a acústica é privilegiada. 

Salentein

Day 2

No segundo dia, fomos para Luján de Cuyo com a agência de turismo Kahuak. É uma agência bem grande de Mendoza que, além dos tours de vinhos, também possui diversos outros passeios. Gostei bastante do atendimento via whatsapp antes da viagem e também dos passeios e guias. 

Neste dia, visitamos e degustamos as bodegas Norton e Chandon.

A Norton é imensa! Eles fabricam 40MM de litros de vinho por ano (depois ficamos fazendo as contas para ver quantas garrafas dava por dia). O tour foi o mais interessante de todos, e a degustação acontece em várias salas diferentes durante o tour. Bem legal ver a diferença de uma vinícola maior para uma menor. Aprendi muito sobre o processo de fabricação do vinho nessa visita. 

Norton

A Chandon também tem um jardim maravilhoso, e fizemos a visita com degustação de 3 espumantes. Achei interessante ver a diferença entre o processo de fabricação do vinho e do espumante. 

Chandon

Day 3

Neste dia, visitamos a região de Maipu com a agência Outoor Frontier Tours. Eles são bem menores que a Kahuak e mais especializados em turismo de montanha, mas também oferecem a opção de passeios pelas bodegas. 

As escolhidas do dia foram a vinícola Trapiche, a olivícola Laur e a chiquérrima El Enemigo.    

Trapiche

A Trapiche é maravilhosa... super tradicional, com uma visita bem interessante em um prédio super histórico. O jardim é maravilhoso, com patos, cabras e até uma llama passeando por ali. Mas a visita costuma demorar bem mais que o previsto, e tivemos que sair correndo antes de terminar a degustação para chegar no horário do próximo agendamento, a olivícola Laur.

Degustação de azeites e balsâmicos na Laur

Simplesmente adoramos esta visita! Além de degustar os azeites, azeitonas e vinagres balsâmicos produzidos por eles, foi a única degustação que tinha também um aperitivo com pães e queijos, e vinho. Foi super diferente aprender sobre estes processos, passear pelas oliveiras e visitar o museu. Ao final, compramos muita coisa, inclusive sabonetes e cremes de uvas e olivas que eles vendem. 

Depois desse aperitivo ainda fomos para o almoço na Casa Vigil, o restaurante da bodega El EnemigoNão há visita nesta vinícola, mas o ambiente compensa... com muitos lugares para caminhar e tirar fotos. A comida é deliciosa e digna de várias estrelas Michelin. Os vinhos que a acompanham são espetaculares, e os garçons super atenciosos.   

Casa Vigil

Não consigo escolher uma vinícola de que gostei mais, todas são lindas e diferentes entre si. Eu diria que, das que eu fui, as imperdíveis são Salentein, Trapiche e Norton. E a olivícola Laur, que é uma experiência diferente das vinícolas. A Catena Zapata e La Azul também são super famosas. 

Na minha opinião, a melhor forma é conhecer duas vinícolas da mesma região por dia, uma de manhã e uma à tarde. Assim não ficamos naquela correria, com a sensação de que queríamos ter passado mais tempo lá. 

E, depois de tanto comer e beber em Mendoza, chegou a hora de caminhar um pouco nas montanhas para gastar as calorias! Vejam o post Mendoza além das vinícolas para saber mais sobre os passeios que fiz por lá!