domingo, 15 de setembro de 2024

Le tour de France

Raio-X da viagem

Minhas férias desse ano foram maravilhosas, intensas, perfeitas. Foi uma viagem que estava planejada desde antes da pandemia e nunca conseguíamos encaixar no nosso cronograma... mas, finalmente, depois de muitas modificações no roteiro, ela aconteceu!

A viagem foi principalmente um tour pela França Mediterrânea, Provençal e Alpina (como passamos a denominar as três regiões que visitamos), com uma passadinha na Itália (apenas um dia em Milão) e outra na Suíça (para um passeio de trem na região de Montreaux). 

Foram 14 dias de viagem e 12 dias de passeio. Conhecemos 12 cidades diferentes de 3 países. Andamos 19.000 km de avião entre São Paulo e Milão (ida e volta); dirigimos aproximadamente 2.000 km de carro, saindo de Milão e dando uma volta completa no sentido horário (veja o mapa abaixo com o roteiro); caminhamos 123 km a pé durante esses 14 dias, com uma média de 8.8 km ou 13 mil passos por dia (haja pernocas!); e, mesmo assim, eu diria que dirigir era muito mais cansativo do que caminhar...  

roteiro da viagem

Nesse post, falo sobre cada uma das cidades que visitamos, com um resumo dos principais pontos turísticos que conhecemos. A viagem foi realizada em Setembro de 2024, portanto os preços dos ingressos são desta data. E apesar de estarmos no fim do verão, teve praia e teve neve, teve mar e montanha, teve muito calor e muito frio.  


1. Milão

Il Duomo

Milão não tem tantas coisas assim para se fazer, portanto um ou dois dias na cidade são suficientes para conhecer os principais pontos turísticos: 

A Piazza del Duomo, para mim, é a região mais bonita de Milão. O Duomo, uma catedral de estilo gótico, possui 108 metros de altura e foi construído todo em mármore branco. Sua construção começou em 1386 e foi concluída apenas em 1813, mais de 400 anos depois. Recentemente, sua fachada foi restaurada e o mármore está bem conservado na maior parte, porém ainda há alguns andaimes e pontos em obras.  

Se você for até lá de metrô (o que eu recomendo, pois é inviável dirigir no centro de Milão), sentirá o impacto ao subir as escadas que indicam Piazza del Duomo e dar de frente com aquele monumento estonteante. Garanto que irá te arrancar alguns suspiros (ou até lágrimas)... 

Você pode comprar vários tipos de bilhetes que dão direito a entrar nas diferentes áreas da catedral e também de outros museus ali por perto. Na minha opinião, a visita do terraço é imperdível, pois você pode ver de perto cada uma das 134 torres, além de apreciar a vista de praticamente toda a cidade. Já o interior da catedral não me encanta muito, sempre escuro e com uma trilha sonora bem fúnebre. 

Compre seu biglietto antecipadamente no site do Duomo di Milano, e comece pelo terraço (de lá você já sai dentro da catedral para continuar a visita). Compramos o "Combo Stairs" por 20, que dá direito a visitar a Catedral, o Terraço, o Museo del Duomo e a Chiesa di San Gottardo. 

Não é permitido entrar com mochila, comida ou bebida dentro da catedral (exceto garrafa de água). Além disso, você será barrado se estiver de short ou saia acima do joelho, de blusa com o ombro ou com a barriga à mostra. Para ir ao terraço, vá de tênis ou com um sapato confortável e que não escorregue, pois você irá andar sobre mármore no telhado da catedral. No nosso caso, que compramos o ingresso para ir de escada, tivemos que subir os 251 degraus, também sobre o mármore, mas foi bem tranquilo. Caso você não tenha condições físicas, pode optar pelo ingresso "Combo Lift" (25€), que permite a subida de elevador.

Na Piazza del Duomo, entre também na Galeria Vittorio Emanuele II, para apreciar seus cafés, vitrines de lojas de grife e arquitetura magnífica. No centro da galeria, você não pode deixar de dar uma volta completa, de olhos fechados, com o calcanhar direito em cima do touro de mosaico. Não se preocupe que você irá encontrá-lo facilmente, pois sempre há uma fila de pessoas esperando para fazer o mesmo movimento! 

De lá você pode ir caminhando até o Castelo Sforzesco pela Via Dante, cheia de lojas e restaurantes. Se você for um apaixonado por moda, ali perto também fica o Quadrilatero d'Oro, um quarteirão da Via Napoleone com as principais (e mais caras) boutiques de luxo do mundo. Outra opção em Milão para os privilegiados financeiramente é assistir a uma ópera, ou pelo menos fazer uma visita guiada no Teatro alla Scalla, um dos teatros mais famosos do mundo, com sua arquitetura neoclássica.

Já o Castelo Sforzesco foi originalmente construído no século XIV para ser a residência da Dinastia Visconti, porém após sua destruição no século XV, foi reconstruído por Francesco Sforza, um duque de Milão. Hoje, seu interior inclui um museu com diversas obras de arte, e na parte de trás fica o Parco Sempione. De lá você pode caminhar até o Arco della Pace, um monumento histórico no estilo do Arco do Triunfo de Paris. 

Acabamos não entrando no interior castelo, porém vale a pena conhecer sua área externa e seus jardins. O museu abre de terça a domingo, e no primeiro domingo do mês a entrada é gratuita (sem reserva). Para os demais dias da semana, você pode comprar o bilhete por 8€ no site oficial do Castello Sforzesco. 

Outro ponto turístico de Milão é o famoso quadro A Última Ceia, de Leonardo da Vinci, que fica na igreja Santa Maria Delle Grazie. A igreja fica aberta de terça a domingo e como o único dia que estivemos em Milão foi uma segunda, não conseguimos fazer a visita. Mas é preciso muita paciência para conseguir o ingresso, pois a venda só abre através do site do Cenacolo Vinciano (15€) de 2 a 3 meses antes da data da visita, sempre na quarta-feira às 12h do horário da Itália (ou 7h do horário de Brasília). Eu fiquei tentando por várias semanas, colocando um alarme nesse horário, para então descobrir que não conseguiria comprar para a segunda-feira... 😌

Minha última dica de Milão é o Hotel Vila Malpensa, que fica a 800m do aeroporto de Malpensa, o principal para voos internacionais. Como nossa passagem pela cidade foi bem rápida, alugamos o carro no aeroporto e dormimos ali por perto, fazendo todos os passeios de transporte público. O hotel é um casarão do início do século XX, com decoração típica, um lindo jardim e uma piscina. Além disso, possui café da manhã, restaurante, estacionamento grátis e transfer para o aeroporto (pago à parte). Reservamos pelo Booking e o valor não foi muito diferente de um quarto no Ibis. Valeu a pena!


2. Nice

Promenade des Anglais

Dormimos algumas noites em Nice, porém conhecemos a cidade em um dia e nos outros fizemos alguns passeios ali por perto. Para mim, o mais importante em Nice é conhecer a Côte d'Azur com sua maravilhosa água turquesa... mas a cidade também oferece uma infinidade de restaurantes e um centrinho histórico digno de um demorado passeio a pé, para se perder em suas ruas estreitas e admirar sua arquitetura. Não deixe de provar o "magret de canard" (filé de pato), que é servido na maioria dos restaurantes. O pato é considerado uma carne vermelha, e o magret é cortado em pedacinhos como se fosse de picanha... delicioso! 

A caminhada pela Promenade des Anglais, um calcadão na praia cheio de barzinhos, é imprescindível em qualquer época do ano. No final da praia, vá até o Pointe de Rauba-Capeau para ter uma vista de toda a costa, com seus cinquenta tons de azul, ou ainda caminhar pelo pequeno, porém charmoso, porto de Nice.  

Se você for no verão (ou se for corajoso como os franceses para entrar na água gelada em qualquer época do ano), pode aproveitar também para ir à praia. Mas lembre-se de levar uma papete ou um tênis para entrar na água, pois as praias do mediterrâneo são todas de pedra. Os franceses estão acostumados e conseguem caminhar descalços pelas pedras, mas eu não nasci com essa habilidade e parecia uma pata tentando me equilibrar... Também não adianta entrar na água com um chinelo havaianas, pois ele sairá boiando com a primeira onda e você correrá o risco de perdê-lo.  

Outra opção para ver a maravilhosa costa azul é subir a Colline du Château (Colina do Castelo), o morro que fica entre a praia e o porto. Você pode subir a pé pelas escadas, ou de elevador, para quem não está tão em forma. Lá no alto tem uma lanchonete, uma cachoeira artificial, vários gramados onde você pode aproveitar para fazer um piquenique (ou apenas relaxar, sentindo a brisa mediterrânea) e, claro, apreciar a vista de toda a cidade. Já o castelo que dá o nome ao morro, você verá apenas as ruínas, pois ele foi destruído em 1706. 

Conhecemos também o Musée Renoir, que fica em Cagnes-sur-Mer, um município vizinho de Nice. Na verdade, nem dá pra perceber que você muda de cidade. De carro, é muito fácil e rápido chegar lá, apenas 20 minutos do centro de Nice.

A entrada custa 6€, e você pode visitar o lindo jardim, com algumas esculturas do mesmo autor e muitas árvores (principalmente oliveiras), além da casa onde o pintor morou, com os móveis originais e seus quadros expostos. É um passeio muito agradável!  


3. Mônaco

vista de Mônaco

Mônaco é puro luxo. Tudo muito limpo, arborizado, lindo e organizado. O principado, hoje governado pelo príncipe Alberto II (filho de Grace Kelly e irmão de Caroline e Stéphanie), possui apenas 40 mil habitantes e é dividido em 10 distritos, entre eles o famoso Monte Carlo. É lá que fica o Casino de Monte Carlo (cujo museu fica aberto para visita no período da manhã) e também o circuito onde ocorre o Grande Prémio de Mônaco da Fórmula 1. Se você estiver lá entre abril e maio, poderá visualizar o circuito já montado e dirigir pelas ruas e túneis da cidade, imaginando que é um piloto de F1...

Outra particularidade de Monte Carlo é assistir a troca da guarda, que acontece todos os dias, pontualmente às 11:55h, na Place du Palais, em frente ao Palácio do Príncipe, a residência da família real de Mônaco. Os guardas que entrarão no próximo turno saem do edifício em frente, escoltados por uma bandinha e, após a troca da guarda dentro dos portões do palácio, os guardas que deixarão o turno saem pelo mesmo caminho, também acompanhados da bandinha. Uma graça ver todos aqueles guardas uniformizados e totalmente sincronizados. Além disso, esta praça possui diversas lojinhas de souvenir, incluindo uma com produtos originais da Ferrari, que é escuderia de Charles Leclerc, nascido em Mônaco. 

Se tiver tempo, você também pode visitar o Museu Oceanográfico, ou apenas caminhar pelo Jardim Exótico, pelas ruas estreitas para curtir os cafés, restaurantes e lojinhas, e se sentir uma celebridade (ou até mesmo um membro da realeza)!  

É possível visitar Mônaco em um dia saindo de Nice. A viagem de carro dura meia hora, e se você for pela costa, poderá apreciar a vista deslumbrante do mar mediterrâneo. Na volta, vá por outro caminho e pare em Eze, um lindo vilarejo medieval, com suas casas e ruas de pedras.  


4. Cannes

Île Sainte-Marguerite

Cannes também é um passeio de um dia saindo de Nice, e possui o estilo bem parecido: uma cidade à beira do Mar Mediterrâneo com um centrinho antigo cheio de lojinhas e edifícios coloridos. A cidade também é conhecida por receber um dos mais tradicionais festivais de cinema do mundo, portanto vale a pena andar até o palácio onde ocorre o festival para tirar uma foto na escada de tapete vermelho, por onde já desfilaram muitos astros de Hollywood.  

Não fiquei muito tempo na cidade, pois nosso objetivo era conhecer a Île Sainte-Marguerite, que fica a 15 minutos de barco de Cannes pela Trans Côte D'Azur. Passamos um dia inteiro na ilha e conhecemos o Fort Royal, construído no século XVII e transformado em uma prisão (diz a lenda que o Homem da Máscara de Ferro ficou preso lá), nadamos em suas águas transparentes (e geladas) e caminhamos muito pelos bosques e trilhas com vista panorâmica!

Sainte-Marguerite possui dois restaurantes e alguns kiosks com comida, mas recomendo levar água e lanche, pois a ilha é bem grande e os restaurantes estão apenas em alguns pontos específicos. Entramos no mar no lado sul da ilha, onde existe um eco museu subaquático, com esculturas colocadas a alguns metros abaixo da água. É importante levar uma máscara ou óculos de natação para conseguir abrir os olhos debaixo d'água e encontrá-las mais facilmente.

Passar a noite na Ilha de Sainte-Marguerite não é para qualquer um... A única opção é alugar uma vila exclusiva e luxuosa chamada Le Gran Jardin, com spa, iate e outros serviços inclusos nas diárias de centenas de milhares de euros. Sendo assim, pegamos o último barco de volta a Cannes às 18:30h.

Outra ilha que permite um passeio de um dia saindo de Cannes é a Île Saint-Honorat. Lá fica o Mosteiro da Abadia de Lérins, uma abadia medieval fortificada do século XIX até hoje habitada por monges, que cultivam vinhedos e produzem vinhos e licores renomados.


5. Marseille

Catedral de Marselha

Marseille é considerada a cidade mais antiga da França e a segunda mais populosa, apenas atrás de Paris. Faz parte da região de Provence e também fica na costa do Mediterrâneo, sendo até hoje o maior porto comercial do país. Vale a pena dar uma passadinha no Vieux Port (Porto Velho), repleto de cafés, restaurantes e lojinhas de souvenir.

De lá você pode caminhar até a área externa do MUCEM, o Museu das Civilizações Europeias e Mediterrâneas e contemplar a espetacular vista para o mar. Não tivemos tempo de entrar no museu (que parece interessantíssimo), mas seu entorno também é maravilhoso. 

Ali perto também fica a Catedral de Marselha, também conhecida como Catedral de Santa Maria Major. É uma igreja majestosa no estilo bizantino, construída no século XIX sobre uma catedral antiga do século XII (a velha Major). Sua fachada externa é listrada com pedras verdes e brancas, enquanto seu interior é listrado em mármore branco e pórfiro, uma pedra avermelhada. 

Outra igreja imperdível de Marseille é a Basílica de Notre Dame de La Garde, bem parecida com a Santa Maria Major, com sua fachada em listras verdes e brancas. Porém, a Notre Dame possui apenas uma torre, enquanto a Major possui duas. E a Notre Dame fica em cima de um morro, de onde se pode apreciar a vista da cidade, enquanto a Major fica no centro, no nível do mar. Não consegui entrar na Notre Dame pois, quando cheguei, suas portas  já estava se fechando. Mas a fachada externa e a vista de lá são maravilhosas e compensou a subida!


6. Aix-en-Provence

Cours Mirabeau

Aix-en-Provence é uma das principais cidades da região de Provence. Porém, na minha opinião, ficou a desejar e, de todos os lugares que visitei nessa viagem, foi o único que poderia ser excluído do roteiro. Claro que é uma cidade bonita, mas não tem muita coisa para fazer além de caminhar pela Cours Mirabeau, uma rua com diversas lojas, restaurantes e fontes antigas de água. Nossa única surpresa boa dessa rua foi o almoço no restaurante Italian Trattoria, que serve pizzas, saladas e sobremesas deliciosas. 

De lá, fomos para a Fábrica da L'Occitane em Manosque, que fica a 55km de Aix-en-Provence. Se você viajar em Julho, poderá aproveitar para ver também os famosos campos de lavanda no caminho, perto da cidade de Valensole. Como fomos em setembro, todas já haviam sido colhidas e restavam apenas os imensos campos, já secos.

Compramos o ingresso antecipado pelo site por 6€, que dá direito à visita na fábrica, loja e museu. O tour é guiado e dura aproximadamente 1h e, além de ter desconto nos produtos da loja, você também ganha algumas amostras grátis. 😁 

Outra opção para conhecer as diversas utilizações da lavanda é o Museu da Lavanda, que fica em Luberon (a 20km de Avignon). Eles também oferecem visitas guiadas por 8, loja e museu, dessa flor que é o símbolo de Provence. 💜


7. Avignon

Muralha de Avignon

Avignon foi a cidade de que mais gostei em Provence. Fiquei maravilhada com sua muralha de mais de 4km que circunda toda a cidade velha, e com o Rio Ródano, de coloração esverdeada e correnteza forte. E a cada nova história que eu conhecia, ficava mais impressionada com essa cidade. Não é de se surpreender que é considerada um Patrimônio Mundial da UNESCO.

A começar pelo fato de que Avignon foi a residência oficial dos papas da igreja católica do século XIV ao XVIII, até que a sede fosse transferida para Roma. Foi nesse período que a muralha, e também o imenso Palais des Papes, foram construídos. 

Compramos por 17€ o ingresso que dava direito ao palácio dos papas, ao jardim e à Ponte Saint Bénézet, no site de Avignon Tourisme. A ponte também é um espetáculo à parte. Construída no século XII sobre o Rio Ródano, originalmente possuía 22 arcos que iam de uma margem à outra, porém hoje restam apenas quatro deles, já que os demais desmoronaram com as inundações do rio. Mas é uma ótima experiência andar até o final da ponte, no meio do rio.

Reserve pelo menos meio dia para conhecer o interior e o jardim do palácio, e se possível, vá até a ponte no entardecer para poder apreciar o pôr-do-sol. No mais, aproveite para se perder nas ruazinhas, dar a volta por fora da muralha e curtir a cidade, que é um tesouro medieval.

Avignon é um ótimo ponto para ficar hospedado em Provence e, de lá, passar o dia nas cidades vizinhas, para não ter que trocar de hotel com tanta frequência. Como estávamos de carro, ficamos várias noites lá enquanto visitamos Aix-en-Provence, Arles e Nîmes. Mesmo assim, ainda ficaram tantas outras cidades da região que queríamos conhecer... Les Baux, Gordes e Saint-Remy-de-Provence são algumas delas, mas essas vão ficar para uma próxima viagem. 

Nos hospedamos no ibis Avignon Centre Pont de l'Europe, que é mais barato porque fica do lado de fora da muralha, mas foi bem fácil se locomover a pé para passear e jantar todos os dias. Mas, se você puder, recomendo o Hôtel Mercure Avignon Centre Palais des Papes, que possui quartos com vista para o palácio, por alguns euros a mais. 


8. Arles

Théatre Antique

Eu não sabia a diferença entre teatro e anfiteatro antes de conhecer Arles. Pois a cidade possui os dois, ambos Patrimônios Mundiais da UNESCO: O Théatre Antique, construído em 12 a.C em formato de semi-círculo, e o Anfiteatro Romano (ou Arénes d'Arles), construído em 90 a.C em formato circular. Porém, só conseguimos entrar no teatro, pois no dia em que estivemos lá estava tendo uma tourada (!) no anfiteatro (sim, isso ainda existe nos dias de hoje, e não somente na Espanha). 

A cidade também possui várias igrejas e praças medievais maravilhosas, que você pode conhecer enquanto caminha pela cidade, sem pressa. 


9. Nîmes

Arènes de Nîmes

Nîmes foi a melhor surpresa da nossa viagem! Essa cidade também possui uma arena (ou anfiteatro), a Arènes de Nîmes, construída no século I d.C. para sediar espetáculos de combates entre gladiadores e animais (!). Entramos no Musée de la Romanité, um museu sensacional que fica bem na frente da arena e conta a história de época romana (ingresso a 9€) e caminhamos até o Maison Carrée, um templo romano belíssimo, bem como todo o caminho para chegar até lá. 

Também considero imperdível conhecer a Pont du Gard, um aqueduto romano próximo a Nîmes, sobre o rio Gardon. Essa ponte é uma verdadeira obra de arte e de engenharia, construída no século I a.C para trazer água potável a população de Nîmes. Possui três níveis, o primeiro com 7 arcos grandes (por onde passa uma estrada que podemos caminhar), o segundo com 11 arcos menores e o terceiro, no topo, com 35 arcos pequenos, por onde passava a água. A ponte possui 275m de extensão e 49m de altura, porém o aqueduto completo tem quase 50km de comprimento. O mais interessante é que foi construído apenas com pedras, sem nenhum tipo de cimento, e mesmo mais de XX séculos depois, ele continua de pé. Mais um patrimônio mundial para a conta da viagem!  

A 30 minutos ao norte da Pont du Gard também fica o Théâtre Antique d'Orange, outro teatro romano construído no século I (e bem conservado até hoje). Da mesma forma que o teatro de Arles, a arquibancada era dividida em três partes, de acordo com as classes sociais: a parte mais baixa era reservada a grandes personalidades, a do meio a comerciantes e a mais alta às prostitutas, escravos e estrangeiros.


10. Annecy

Palais de l'Ile

Annecy é uma cidade linda, às margens do Rio Thiou, cujas águas esverdeadas desembocam em um imenso lago (le Lac d'Annecy). Caminhar pela cidade é de tirar o fôlego, tanto em volta do lago quanto nas ruazinhas e pontes sobre o rio. É possível também dar uma volta de barco pelos canais do Rio Thiou, o que dá a cidade o apelido de "a Veneza francesa". 

Os principais pontos turísticos da cidade são a Pont des Amours (Ponte do Amor) e o Palais de l'Ile (o palácio da ilha), que fica em uma ilhazinha em um dos canais do rio. 


11. Trem do Chocolate

Vila de Gruyères

Neste dia, ficamos hospedados em Chamonix, ainda na França, e cruzamos a fronteira até Montreaux, na Suíça, para pegar o Trem do Chocolate. O passeio foi lindo, mas foi bem cansativo ir e voltar no mesmo dia, e nem tivemos tempo de conhecer Montreaux (outra cidade que também vai ficar para uma próxima viagem).

O trem sai de Montreux pontualmente às 9h50 e vai até a cidade de Montbovon. O percurso demora 1h e as paisagens são lindas, dignas de uma propaganda do chocolate Milka. De lá, pegamos um ônibus até Gruyère, para conhecer a fábrica do famoso queijo suíço - com degustação, claro! Foi nesse dia que descobri que os queijos curados não possuem lactose, portanto pude degustar sem culpa e ainda trouxe vários queijinhos na mala. 

Depois, paramos na vila de Gruyères, onde pudemos almoçar e passear. Apesar de pequenininha, essa vila não decepciona, com paisagens de contos de fadas e um centrinho super charmoso. Andamos até o castelo, tiramos milhares de fotos e voltamos para o ônibus, que nos levou até a nossa terceira parada: a fábrica de chocolates Maison Cailler, na vila de Broc.   

A visita é deliciosa, e você pode comer quantos chocolates quiser (eu provei todos sem enjoar!), e ainda comprar tudo o que puder na maravilhosa loja no final do passeio. Ninguém resiste. A volta para Montreaux é feita apenas de ônibus, num trajeto de 45 minutos. O passeio termina no final do dia, quando você estará com a barriga cheia de queijos e chocolates, o celular com milhares de fotos e o rosto com um sorriso de felicidade. 

É importante comprar o ingresso com antecedência no site da MOB, pois o trem só funciona alguns meses por ano e, dependendo do mês, apenas em alguns dias da semana. O passeio não é barato, na época em que fui a tarifa de adulto foi aproximadamente R$ 560 por pessoa, incluindo os trajetos de trem e ônibus (ida e volta) e os passeios nas fábricas de queijo e chocolate (não inclui o almoço). Mas foi delicioso e não nos arrependemos nenhum pouco. 

Você também pode optar por fazer esse mesmo roteiro de carro e comprar os passeios à parte. Neste blog estão algumas dicas de como ir de carro para conhecer a fábrica de chocolates, que para mim foi bem mais interessante do que a fábrica de queijos (apesar de eu amar as duas iguarias gastronômicas com a mesma intensidade).  


12. Chamonix-Mont-Blanc

Mer de Glace

Um dos objetivos da nossa viagem era conhecer o Mont-Blanc dos dois lados, o francês e o italiano (chamado de Monte Bianco). Mas... o tempo não colaborou e não conseguimos enxergar a montanha de nenhum lado, pois nos dois dias tinha muita neblina.

O Mont-Blanc é a montanha mais alta da Europa, com 4.800m. Está situado nos Alpes, na fronteira entre a França, a Itália e a Suíça. Primeiro, fomos para Chamonix-Mont-Blanc, uma cidade francesa chiquíssima, onde você pode curtir diversos passeios. Os mais conhecidos são o do Mer de Glace e o Aiguille du Midi, que são bem diferentes entre si, portanto você pode fazer os dois no mesmo dia. É possível comprar o bilhete diretamente na estação, e tem desconto para comprar os dois passeios juntos. 

Porém, como o tempo estava ruim e não conseguiríamos ver nada de cima da montanha, optamos por fazer apenas o do Mer de Glace, cujo objetivo é conhecer uma caverna de gelo dentro de um glaciar. Para chegar lá, você pega um trenzinho vermelho na estação Montenvers (no centro da cidade), que sobe por 20 minutos até chegar a 1.913m. Depois de descer uma escadaria, você chega na caverna de gelo, que é surpreendente - e congelante, claro. 

Já o passeio do Aiguille du Midi é a melhor opção para ver o Mont-Blanc e a cidade de Chamonix. Você irá subir de teleférico saindo Chamonix (que está a 1.035m) até o primeiro plano (a 2.310m de altitude) para se aclimatar, e depois para o segundo plano a 3.842m de altitude. 


13. Courmayer

Vista do Skyway

No último dia de viagem, cruzamos a fronteira da França para a Itália até o Vale d'Aosta, onde está a cidade de Courmayer, o principal ponto de partida para o Monte Bianco. O melhor trajeto para ir de Chamonix a Courmayer é pegando o túnel de 11km de extensão que passa por baixo dos Alpes e... voilà, em meia hora você estará na Itália! Mas, como não era nosso dia de sorte, o túnel estava fechado para manutenção e tivemos que ir pela estrada em volta dos Alpes, o que demorou quase 3 horas. A paisagem é estonteante, e acabamos curtindo muito a viagem. Teve até neve no caminho, vaquinhas peludas com seus sininhos ensurdecedores e muitas curvas. 

Ao chegar em Courmayer, fomos direto para o Skyway, um teleférico giratório que sobe até 3.466m, com uma parada intermediária a 2.173m de altura. Como já mencionei antes, nem lá de cima conseguimos ver o pico do Monte Bianco. Porém, como já tínhamos comprado o ingresso (56 por pessoa para ida e volta até o último ponto), subimos mesmo assim, e o passeio foi maravilhoso. Só o trajeto de teleférico e a vista de Courmayer já compensam, além de várias coisas para ver e fazer nas duas paradas, incluindo lojinha, café e jardim. 


***


O saldo final da viagem foi de muitas cidades maravilhosas visitadas, muitos lugares interessantíssimos conhecidos, mas também muitos perrengues (veja também o post Perrengue très chic! sobre algumas histórias dessa viagem) e outros lugares que não conseguimos conhecer, que irão ficar para as próximas viagens. Mas são essas imperfeições que tornaram nossa viagem única, perfeita.

Nossa escolha foi sempre por caminhar muito todos os dias e conhecer diversas cidades, sem necessariamente entrar em todos os museus e pontos turísticos. E sempre voltamos dessas viagens com uma bagagem cultural maior e com muitas histórias para contar. Até a próxima viagem! ✈


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