Sei que essa frase ficou meio clichê, mas não consegui
definir Fernando de Noronha de outra forma. O lugar por si só já vale a pena: praias
lindas e limpas, natureza quase intacta, fauna particular, pessoas extremamente
simpáticas e receptivas... mas no meu caso, a companhia foi a cerejinha do bolo, mais que especial! Viajei
com a “turma do mergulho”, dois casais e mais dois solteiros como eu!
Ficamos 4 dias na ilha, e nesse período dá tempo de conhecer
as principais atrações. Mas eu diria que uma semaninha por lá não seria de todo
mal... Noronha é daqueles lugares que vc volta da viagem já querendo ir pra lá de
novo!
Para chegar, os voos saem de Recife ou Natal, pela Gol ou
Trip. A melhor forma de chegar na ilha saindo de São Paulo é com o voo da Gol,
fazendo escala em Recife. Dá pra usar as milhas do
Smiles até lá e, em baixa temporada, sai por 6.000 milhas! Pra quem
consegue se planejar e pegar férias fora da alta estação essa é a melhor opção.
Eu já não tive muita sorte, e como fui no feriado, já não havia mais muitos
voos disponíveis. Fui de Tam até Recife e tive que dormir uma noite lá para só
no dia seguinte pegar o voo da Trip até Noronha.
Se você for com pacote, o traslado do aeroporto à pousada
faz uma parada no escritório do receptivo (no meu caso, o Atalaia), que é
praticamente uma lavagem cerebral. Você assiste a um vídeo e sai de lá com
todos os pacotes comprados: Ilhatour,
Aquasub, Navi, Caminhada Histórica... Pra quem não tem muita
experiência em viagem ou viaja sozinho, recomendo esses passeios, mas confesso
que sempre prefiro fazer os passeios por conta própria, assim a gente conhece
melhor os lugares, decide o que quer fazer, quanto tempo ficar, e o melhor de
tudo, consegue planejar a viagem!
Quando comprei o pacote, me atualizei de todos os nomes dos
passeios, pois apesar de estar indo com a excursão da escola de mergulho, não
conhecia o grupo, e achei que cada um fosse fazer o seu próprio roteiro. Mas
minha surpresa já começou quando chegamos no aeroporto e decidimos alugar 2 buggies para podermos andar pela
ilha. Assim, acabamos ficando o tempo todo juntos. Apesar dos buggies serem bem
velhinhos (alguns até sem freio!), é a melhor opção se você não quiser depender
dos passeios, pois a ilha é grande e o transporte público é insuficiente. O
mais difícil foi encontrar os 2 carros, por isso se você conseguir reservar
antes de chegar lá poderá poupar esse tempo e conseguir um desconto. Pagamos R$
120 a diária no feriado de 15 a 20 de novembro, mas no Ano Novo os preços podem
chegar a R$ 500 a diária.
A ilha só tem um posto de gasolina, que custa bem caro: R$
3,90 o litro! Mas mesmo andando por toda a ilha por 4 dias, não gastamos mais
que R$ 40 por carro, o que compensa muito. Você vai ouvir de todos os guias de
turismo que Noronha possui a segunda menor BR do Brasil, a BR-363, que corta a
ilha desde o Porto até a praia de Sueste. Durante o caminho, você terá sempre
presente o Morro do Pico, às vezes
à esquerda, outras à direita, o que, somado ao fato de que o morro tem formas
diferentes a cada ângulo que você olha, parece que são vários morros, mas
garanto que é sempre o mesmo!!!
As pousadas de Noronha são bem simples e rústicas. Mas eu
sinceramente adorei a Pousada
Recanto (www.pousadarecanto.com.br),
onde fiquei, bem localizada na Vila dos Remédios, com serviço atencioso e um
bom café da manhã. Fiquei sozinha em um quarto com ar condicionado, chuveiro
quente (praticamente desnecessário), frigobar, cômoda e TV. A diária, se
contratada diretamente na pousada, custa em média R$ 160 para uma pessoa e R$
260 para duas pessoas. Além disso, inclui também o serviço de transfer do
aeroporto. Pra quem quer glamour, as melhores pousadas são a Pousada Zé Maria (www.pousadazemaria.com.br), que
ganhou diversas vezes o prêmio de melhor pousada do Brasil pela Revista Viagem)
e a Pousada Maravilha (www.pousadamaravilha.com.br), que
vale a pena visitar somente para sonhar em se hospedar lá um dia.
Voltando aos passeios, o único pelo qual me interessei foi a
Trilha do Atalaia, que
vai até a praia do Atalaia. Essa praia pode receber no máximo 100 pessoas por
dia, e não é permitido uso de protetor solar, para manter a preservação da
água. O passeio completo dura 5 horas, e só é possível chegar lá com guia. Mas
quando cheguei em Noronha, todos os passeios já estavam lotados até o dia da
minha saída. Mais um motivo pra voltar pra lá.
Dos demais passeios, acho que os que mais compensam são o Ilhatour (se você não conseguir
alugar um buggy), o passeio de
barco na Baía dos Golfinhos (pois é praticamente garantido que você verá
centenas de golfinhos) e o passeio na Baía de
Sueste, que custa R$ 40 e dá direito a guia, colete e 100% de
garantia de ver as tartarugas ou seu dinheiro de volta. Eu, como era noronhense
de primeira viagem, apenas aluguei o colete e nadei incessantemente por 1 hora
sem ver nenhum vestígio de tartaruga. Acho que agora já tenho motivos
suficientes para voltar pra lá pelo menos mais umas duas vezes...
Mas vamos falar dos passeios que fiz. Foram dois mergulhos,
os primeiros que fiz depois do meu check-out. No primeiro dia, fomos ao mar de
fora, como chamamos o lado da ilha que dá para o oceano Atlântico, ou pra
África. No segundo mergulho, como o mar estava bastante agitado, tivemos que
ficar no mar de dentro, aquele que está virado para o continente, ou seja, para
o Brasil. A água do mar de fora era verde, do mar de dentro, azul. Eu ainda
estava bastante desengonçada com o meu equipamento, e nem sempre eu ia para
onde queria ir. Mas no segundo dia, fui melhorando aos poucos, e com certeza
peguei o gostinho pelo mergulho! Vi raias, tartarugas, tubarões, moreias,
cardumes de peixes coloridos, peixes cofrinho e sargentinho... Entrei em uma
mini-caverna e me achei o máximo por ter conseguido. Fui induzida a olhar um
tubarão cara-a-cara dentro de um buraco e morri de medo. Mergulhar em Noronha é com certeza o melhor mergulho do Brasil.
No restante dos dias, caminhamos pelas praias do Cachorro, do Meio e da Conceição. Fizemos a trilha
que vai da Baía dos Golfinhos até o
Morro Dois Irmãos,
passando pelos mirantes da Baía dos
Porcos e da Praia do
Sancho. Essa trilha é espetacular, totalmente sinalizada e feita de
madeira sustentável. Vale a pena dar uma parada na Praia do Sancho no caminho,
indiscutivelmente a praia mais bonita do Brasil. Para chegar lá, é preciso
descer por uma escada de bombeiro, por dentro de uma fenda na pedra. Superei
meu medo de altura e não me arrependi. Chegando lá, tive que ter um pouquinho
mais de coragem pra entrar na água e conseguir passar as ondas enormes que
estavam se formando até chegar no meio do mar, sem ondas e com a água mais
macia que eu já mergulhei. Parece que você está mergulhando em uma piscina de
água mineral... compensou todo o medo que passei antes!
Fomos nas praias de
Sueste, o reduto das tartarugas, com água azul de morrer. Na Cacimba do Padre, habitat natural dos
surfistas. Mas não conseguimos nem entrar na água, pois as ondas estavam
realmente assustadoras. E na Praia do
Leão, com uma ilha em frente com formato de leão-marinho. Chegamos
às 8h da manhã, já com o sol a pino, e tivemos que esperar abrirem a porteira
da estradinha que chega na praia. Quando conseguimos entrar, tínhamos a praia
só pra nós. Mais um momento Mastercard.
Durante os passeios, você terá sempre a presença dos
ilustres habitantes da ilha: o Mambuya,
uma espécie de lagarto pequenininho, que irá comer o seu lanche se você der
bobeira e deixar sua mochila aberta; e o Mocó,
um roedor que a princípio parece uma ratazana, mas que depois de tanto
encontrar com eles pelas trilhas, você se acostuma e já acha até bonitinho.
Você vai ouvir falar de muitos lugares para ver o por do sol
em Noronha, sempre nas praias do mar de dentro. Cada um tem a sua preferência, nas
Praias da Conceição, Cacimba do Padre ou no mirante do Forte de São Pedro. Nós
escolhemos o Mirante do Boldró,
e pudemos apreciar um espetáculo da natureza, com o sol se pondo entre os
Morros 2 Irmãos. Visitamos também o Museu do Tubarão, super interessante e com
uma lojinha bem legal, o único lugar onde se pode ter algum tipo de consumismo
em Noronha.
Para sair à noite, a melhor balada é o Bar do Cachorro, que na entrada promete forró, restaurante e
gente bonita. Lá, os nativos se misturam com turistas e gente famosa que
aparece na ilha. A ideia é dançar com todos, sem preconceitos! Os locais são
sempre os que sabem dançar melhor. Outro lugar legal pra ir à noite é na
pizzaria ao lado da Igreja Nossa Senhora dos Remédios, que também rola o “Samba
depois da missa”, com som de ótima qualidade.
Para comer, o melhor restaurante que fui é o Xica da Silva, sempre recomendado em todos
os guias. Fui também em um outro restaurante Du Mar, que fica ao lado do Projeto Tamar, onde comi uma
moqueca de peixe deliciosa. E na frente dele, também comemos a melhor salada de
camarão da minha vida em um restaurante simples e saudável, com atendimento
especializado para moças bonitas e solteiras! E lembre-se sempre de levar água
e lanche nas trilhas, pois a maioria delas não tem infra e você irá precisar de
energia para aguentar a caminhada.
Outra dica importante é pagar a taxa de preservação pela Internet antes da viagem, para evitar as
filas na saída do aeroporto (www.noronha.pe.gov.br).
O valor fica em torno de R$ 50 por dia, e em uma viagem de 5 a 7 dias você
gastará em torno de R$ 250. Além dessa taxa, Noronha cobra também desde 2012 uma
nova taxa para entrada no Parque Nacional, no valor de R$ 65 para brasileiros,
ou R$ 130 para estrangeiros. Você paga essa taxa diretamente na ilha (por
exemplo, no Parque dos Flamboyants) e ganha uma carteirinha que deverá ser
apresentada a cada entrada nas praias que fazem parte do parque. Mais
informações no site: www.viajenaviagem.com/2012/11/noronha-para-onde-vai-a-nova-taxa.
Com todas essas taxas e preços da passagem de avião, gasolina,
restaurantes e pousadas, Fernando de Noronha não é um lugar barato pra se
visitar. Mas também pudera, a ilha está localizada a mais de 500 km do
continente brasileiro, e só de pensar na logística para levar tudo pra lá, já
dá pra entender algumas cifras. Vimos, por exemplo, um passageiro do nosso voo
levando pacotes imensos de papel higiênico, o que ficou interessante quando a “encomenda”
chegou na esteira do aeroporto. Ou ainda, pagamos R$ 8 por um picolé de frutas
da Kibon na praia do Sancho...
Mas posso dizer que Noronha é daqueles investimentos que
compensam, principalmente se você gosta de praias, natureza e simplicidade.
Seja para surfar, mergulhar ou caminhar, a ilha possui diversas opções de
turismo. Internet e celular lá são artigos de luxo, portanto você vai poder se
desligar e relaxar por alguns dias. E até hoje, nunca vi ninguém que foi a
Noronha sem querer ir de novo!
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