Só uma coisa me deixou feliz quando fui embora de Capri: saber que de lá, o próximo passo seria conhecer a Costa Amalfitana. Essa região da Itália é realmente tudo aquilo que dizem por aí, nos guias turísticos e nas descrições de quem já foi e quer fazer você morrer de inveja.
Apesar do nome ter sido dado por causa da cidade de Amalfi, a mais famosa continua sendo Positano, que como todos dizem, foi imortalizada pelo filme Only You e, na minha versão favorita, Sob o Sol de Toscana. Entretanto, não se deixe intimidar pelo nome ou pela fama. Seja ambicioso e conheça pelo menos 3 cidadezinhas que compõem esta região, cada uma com a sua característica particular: Positano, com sua arquitetura vertical; Amalfi e seu imponente Duomo; e Ravello, com seus jardins maravilhosos e bem cuidados.
Para chegar à Costa Amalfitana, você deve sair de Sorrento e enfrentar uma estrada cheia de curvas - e mais uma vez à beira do precipício - até Positano. Não tive coragem de dirigir por ali e fui de ônibus, os quais não têm nenhum tipo de receio e dirigem como se estivessem na Castello Branco (todos identificam os turistas pela baixa velocidade em que eles andam). Mas já ouvi relatos de quem pensou justamente o contrário e alugou um carro porque não teve coragem de se aventurar com esses confiantes motoristas. Quem tem medo de altura, como eu, ou passa mal na estrada, é bom tomar um Dramin e sentar no banco da frente, porque realmente não é pra qualquer um, não!
Mas o importante é chegar lá, de carro, ônibus, barco ou lambreta. Na volta, porém, não tivemos a mesma sorte e fomos pegas por uma greve de ônibus sem previsão para acabar, então acabamos tendo que voltar de táxi – uma Mercedes branca que nos fez sentir ricas e charmosas naquele cenário (mas só por alguns minutos, pois na chegada de volta a Sorrento o taxista nos deixou longe do hotel e estragou o nosso mimo).
Permitam-me um parênteses para falar também de Sorrento neste tópico. Apesar de oficialmente não fazer parte da Costa Amalfitana, é passagem obrigatória para quem vai até lá. E eu simplesmente amei este lugar! Como todas as outras, é uma cidade bem pequenininha, mas ainda maior que as da Costa Amalfitana, bem mais moderna e cheia de lojinhas e restaurantes excelentes. Tive um surto de compras quando cheguei e comprei desde bolsas de couro a temperos para massa neste maravilhoso comércio. Recomendo a Gelateria Primavera (www.primaverasorrento.it), que como na maioria das sorveterias italianas, você não sabe qual sabor escolher.
Além de Sorrento ser uma cidade fofa e com uma energia deliciosa, ficamos no melhor hostel que eu já conheci: o Seven Hostel (www.sevenhostel.com), cujo único defeito é não estar localizado no centro de Sorrento, e sim a uma estação de trem (Sant’Agnello) ou a 20 minutos de caminhada. Mas vale a pena a distância. O Seven é considerado um Design Hostel e faz parte da lista dos Famous Hostels da Europa (www.famoushostels.com). Os quartos possuem uma ótima infraestrutura de beliches e lockers, e caso você fique em um quarto privado não perderá nada para um hotel (além do preço), pois ele oferece toalhas, sabonete e papel toalha no banheiro. No último andar há um lounge bar, com puffes, espreguiçadeiras e uma vista espetacular para o mar, de onde se pode apreciar o pôr-do-sol enquanto se toma um drink preparado pelo solícito Michele. O café da manhã não deixa a desejar, incluindo cereais e croissants (cornetto) à vontade com Nutella (nem preciso dizer que me esbaldei)! Pra completar os vários garçons indianos retiram o seu prato da mesa ou levam talheres e guardanapos que você, com certeza, esqueceu de pegar enquanto admirava as opções.
Em Positano não tivemos a mesma sorte e ficamos em um hostel horrível, cuja dona era mal-educada e fez uma bagunça com as nossas reservas. Resultado: acabamos ficando uma noite a menos e voltamos para o nosso tão admirado e confortável Seven Hostel.
Considerando essas vantagens de preço e conforto, eu diria que para conhecer a região sudoeste da Italia, nem é necessário dormir em Napoli. Pode-se hospedar em Sorrento e de lá conhecer Pompei e o Vesúvio em um dia, Capri (em um ou dois dias) e Positano em outro. Porém, recomendo uma noite em Positano para poder ir até Amalfi e Ravello saindo de lá, assim não será necessário enfrentar aquela famosa estrada mais de uma vez.
Em Positano não há muito o que conhecer, além da vista das construções que parecem estar empilhadas e que eu não conseguia parar de tirar fotos. Pra ir do hostel até a praia, onde estão a maioria dos restaurantes e lojas da cidade, todo dia descíamos uns 300 degraus e chegávamos lá embaixo com as pernas bambas. Recomendo o restaurante Chez Black (www.chezblack.it), que além de ter ótimos pratos de massas e frutos do mar, pertence ao pai de um ator italiano gatíssimo. Para nossa sorte, fomos recebidas pelo filho, com uma taça de champagne, cereja e elogios! Pra quem ainda duvida da minha palavra e acha que eu estava contaminada pelo ar italiano, que deixa todos os homens de lá charmosos (inclusive os carecas e narigudos), confiram no seu site oficial (www.gianfrancorusso.it). Mas não se anime muito porque, como todo gato, ele já tem uma dona, uma linda atriz como ele.
É possível conhecer Amalfi e Ravello no mesmo dia, mas o passeio é bem corrido e bem caro. De Positano a Amalfi, recomendo ir de barco, pois a vista destas duas cidades é impressionante e digna de um cartão postal. E a sensação de liberdade que senti não tem preço.
De volta a Amalfi, aproveite a tarde para conhecer Ravello, a única das cidades da Costa Amalfitana que não fica à beira-mar. Pra chegar lá você tem que ir de ônibus ou ainda pode encarar os 600 degraus para subir. Mas depois de Positano eu não queria ver mais escada e fui com aqueles ônibus vermelhos de sightseeing, porque os normais ainda estavam em greve. São um pouco mais caros mas também oferecem um audio guide durante o passeio, em vários idiomas.
A cidade é bem pequenininha e charmosa, com destaque para a Villa Cimbrone e a Villa Rufolo, com seus maravilhosos jardins floridos, estátuas e vistas estonteantes. No verão, Ravello recebe o Ravello Festival (www.ravellofestival.com), um festival de música, ópera e cultura que é realizado em vários pontos da cidade (entre eles, em um palco montado com vista pro mar). E mais uma vez, o medo de altura é constante, mas a paisagem compensa...
“Il vero viaggio di scoperta non consiste nell’esplorare nuove terre, ma nell’avere nuovi occhi”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário